Apesar da existência de teorias conspiratórias sobre o terraplanismo, a ciência comprovou, mais de uma vez, que a Terra é redonda. As evidências do real formato do planeta começaram há um bom tempo, na Grécia Antiga, e foram se aperfeiçoando através do tempo.
A Grécia foi o berço de estudiosos que deram contribuições relevantes para a humanidade em diferentes áreas: matemática, física, astronomia, filosofia, linguística, biologia, geografia, dentre outras ciências.
Na Antiguidade, os intelectuais gregos já realizavam cálculos, criavam postulados e faziam a aplicação de derivadas, conteúdos ensinados nos cursos superiores da área de Exatas hoje em dia.
Além das contribuições para a geometria e o raciocínio lógico, Tales de Mileto (625 - 547 a.C.) fez observações sobre astronomia que o permitiram prever o eclipse solar total. Ele também foi responsável por notar a influência do clima no desempenho das colheitas.
Por enxergar nas proporções geométricas o fundamento para muitas explicações do universo, o matemático Pitágoras (570 - 495 a.C) nomeou o teorema que afirma que “a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa do triângulo.”
Na extensa lista de estudiosos gregos da Antiguidade, ainda podem ser citados Heráclito (540 - 470 a.C.), que criou conceitos sobre a metafísica; Demócrito (460 - 370 a.C.), que desenvolveu ideias sobre a origem do mundo e descobriu o átomo; Sócrates (470 - 399 a.C), que contribuiu para a filosofia, a democracia, a educação e outras áreas.
Sócrates é considerado um divisor de eras. Dentre os intelectuais gregos que vieram depois dele estão: Platão (427 - 347 a.C), fundador da primeira universidade ocidental; Aristóteles (384 - 322 a.C.), responsável por um vasto legado a partir da observação, do método e da lógica; Epicuro (341 - 271 a.C), criador do epicurismo; Zenão de Cítio (333 - 263 a.C), fundador do estoicismo; Eratóstenes (276 - 194 a.C), que realizou diversas contribuições e é lembrado pelo crivo que leva seu nome, método que auxilia a encontrar números primos.
De acordo com os registros históricos, Aristóteles foi o primeiro estudioso a concluir que a Terra tem um formato esférico. A conclusão se deu a partir da observação da sombra do planeta sobre a Lua durante um eclipse.
Por meio de um experimento de medição da sombra de um mesmo objeto em locais e horários diferentes, Eratóstenes também identificou que a Terra é redonda. A ele é atribuída a primeira medição do raio da circunferência do planeta.
Segundo informações do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IME) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mesmo sem o auxílio de nenhuma tecnologia, Erastótenes chegou a um valor muito próximo do que hoje se sabe que é o tamanho do raio terrestre.
No experimento do matemático grego, o valor encontrado foi de 6.247 quilômetros, uma pequena diferença em relação ao valor que já foi comprovado com o uso da tecnologia, de 6.370 quilômetros.
Como destaca o IME-Unicamp, a Terra não é uma esfera perfeita. É um globo com as extremidades levemente achatadas.
No século XVI, período da Expansão Marítima, o navegador português Fernão de Magalhães realizou a primeira circum-navegação, mais uma prova do formato da Terra.
A própria percepção de diminuição do tamanho de um barco à medida que ele vai em direção ao horizonte é explicada pela curvatura da Terra.
Também é o formato arredondado e a inclinação do planeta que fazem os dias serem mais longos ou mais curtos, de acordo com a estação do ano. Durante o movimento de translação, há alterações na iluminação solar. Se a Terra fosse plana, o Sol a iluminaria de forma igual e por inteiro.
Em março de 2021, o Espaço Ciência, localizado na cidade de Olinda, em Pernambuco, recriou o experimento de Eratóstenes. Para isso, mais de 70 pessoas que estavam em lugares diferentes mediram a sombra de uma haste ao meio-dia local.
De acordo com a coordenação do Espaço Ciência, os resultados tiveram variações de comprimento e ângulo. Mais de dois mil anos depois, mais uma vez o experimento mostrou que a Terra não é plana.