A comparação de bens dos deputados federais paraibanos que participam da disputa eleitoral este ano mostra variações bem diferentes entre os diferentes candidatos. Dos 12 parlamentares do estado, 11 são candidatos a algum cargo em 2022. Seis deles registraram aumento no patrimônio se comparado entre 2018 e 2022, quatro registraram diminuição e um declarou nas duas ocasiões não ter nenhum patrimônio.
Os patrimônios de 2022 variam entre R$ 212 mil e R$ 3,8 milhões. Dos 12 deputados eleitos em 2022, nove são candidatos à reeleição. Efraim Filho (União Brasil) é candidato a senador, Pedro Cunha Lima (PSDB) é candidato a governador e Edna Enrique não é candidata.
Patrimônio dos deputados federais da Paraíba
Deputado federal | 2018 | 2022 | Diferença |
Aguinaldo Ribeiro | R$ 1.458.797,07 | R$ 3.438.609,71 | + R$ 1.979.812,64 |
Damião Ramos | R$ 1.089.248,01 | R$ 1.394.266,70 | + R$ 305.018,69 |
Efraim Filho | R$ 873.721,28 | R$ 785.349,66 | - R$ 88.371,62 |
Frei Anastácio | R$ 918.161,83 | R$ 385.194,48 | - R$ 532.967,35 |
Gervásio Maia | R$ 2.893.556,70 | R$ 2.438.977,79 | - R$ 454.578,91 |
Hugo Motta | R$ 884.830,78 | R$ 1.167.092,40 | + R$ 282.261,62 |
Julian Lemos | R$ 0 | R$ 0 | R$ 0 |
Ruy Carneiro | R$ 586.284,82 | R$ 660.987,66 | + R$ 74.702,84 |
Wellington Roberto | R$ 3.685.931,78 | R$ 3.814.442,67 | + R$ 128.510,89 |
Wilson Santiago | R$ 687.573,03 | R$ 541.203,59 | - R$ 146.369,44 |
Pedro Cunha Lima | R$ 528.899,87 | R$ 977.000,00 | + R$ 448.100,13 |
O deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) é aquele que registrou o maior aumento patrimonial. Em 2018, ele tinha declarado que possuía R$ 1.458.797,07, contra R$ 3.438.609,71 agora em 2022. Uma diferença positiva de quase R$ 2 milhões.
Eram nove itens nas eleições anteriores, 16 agora em 2022. O mais valioso deles, que não constava quatro anos antes, é um apartamento – ainda em construção – avaliado em R$ 2,2 milhões. Aguinaldo, quatro anos atrás, tinha o terceiro maior patrimônio entre os eleitos, mas agora tem segundo maior. O maior patrimônio é mais uma vez o de Wellington Roberto, que pulou de R$ 3.685.931,78 em 2018 para R$ 3.814.442,67 em 2022.
Em sentido contrário, Frei Anastácio (PT) foi o que declarou o maior encolhimento de patrimônio. Quatro anos atrás, ele declarou R$ 918.161,83. Agora, diz ter apenas R$ 385.194,48. Mais de R$ 500 mil a menos e o menor dos patrimônios entre os parlamentares paraibanos.
Uma série de investimentos que ele declarou quatro anos atrás não constam mais em sua declaração de 2022. Só restou um apartamento como único bem.
Outros números chamam a atenção. Seis dos 11 candidatos declaram ter um patrimônio inferior a R$ 1 milhão, incluindo aí Julian Lemos (União Brasil), que declara não ter nenhum patrimônio.
Sobre a questão, o sociólogo e analista político Gonzaga Júnior, de 42 anos, destacou que a declaração de patrimônio dos candidatos virou uma obrigação legal para ajudar os eleitores a averiguar a lisura dos ocupantes de cargos públicos, para saber por exemplo se houve ou não enriquecimento ilícito por parte dos ocupantes de cargos políticos.
“Essa é uma forma de, no médio e longo prazo, poder analisar se existe alguma disparidade entre o que se recebe e o que se tem como patrimônio”, explica.
Ele lembra, contudo, que muitos parlamentares, embora façam carreira na política, são também pessoas ricas, que possuem patrimônios oriundos de outras origens.
“Na Paraíba, existem donos de hospitais, latifundiários, donos de empresas. São pessoas abastadas. Em todo o Congresso Nacional, o pessoal ligado à agricultura familiar não chega a 10. Já o pessoal do agronegócio são mais de 110”, compara.
Gonzaga alerta ainda para um problema inverso que a obrigatoriedade da declaração provoca. Preocupados com a ligação de suas riquezas à corrupção, muitos dos candidatos acabam burlando a legislação. E, de forma ilegal, repassando patrimônios para laranjas.
“A maioria dos parlamentares possuem patrimônios incompatíveis com o padrão de vida que levam. O local onde moram, o carro que andam, aquilo que consomem, as regalias que possuem, é incompatível com o que declaram. E incompatível para menos. Não condiz com a vida que possuem”, opina Gonzaga.
Ele classifica essa prática de “estratégia política e eleitoreira”:
“Eles diminuem a declaração do patrimônio, transferindo para laranjas o que têm, burlando assim as regras eleitorais”, prossegue. “São ilegalidades com o objetivo de demonstrar ao eleitor que não faz uso eleitoral para aumentar o patrimônio”, completa.
Gonzaga adverte que essa não é uma prática de todos os políticos. Que muitos possuem patrimônios compatíveis com as vidas que levam. Mas reafirma que o problema de fato existe. E diz que, num mundo cada vez mais conectado, as próprias redes sociais podem ajudar o eleitor a comparar a relação entre estilo de vida e patrimônio declarado.
O g1 entrou em contato com Julian Lemos, Aguinaldo Ribeiro, Frei Anastácio e Wellington Roberto. A assessoria de Aguinaldo não comentou a questão. Os outros três não antederam aos telefonemas.
Fonte: g1 PB