Um menino de 2 anos está em coma induzido depois de ter sido picado na cabeça por um escorpião. O caso ocorreu na madrugada do dia 1º de janeiro na casa da família, na região de Arniqueira, no Distrito Federal. Thomas Caitano foi levado inicialmente para o Hospital Regional de Taguatinga, mas transferido para um hospital particular, onde segue em estado grave. Ele precisou realizar um procedimento para bombear o sangue para o resto do corpo.
A mãe da criança, Adriana Caitano, explicou que a família estava dormindo, quando, por volta das 4h, Thomas acordou chorando muito. "Ele começou a gritar muito de dor durante a madrugada. Fomos para o quarto e ele chorava muito, coçava e colocava a mão na cabeça. Meu marido imaginou que algum bicho teria picado e, então, encontramos um escorpião grande, embaixo do travesseiro. Percebemos que a situação era grave”, conta a jornalista.
O casal levou Thomas para o hospital, com o escorpião em um copo para mostrar aos médicos. "Em 20 minutos, estávamos sendo atendidos e isso fez toda a diferença no quadro dele. O Thomas chegou ao hospital vomitando muito e sonolento", explica Adriana.
"O veneno afetou o coração, o pulmão e o quadro de inflamação é grave. Estamos pedindo oração para todo mundo. Quero reforçar a agilidade e o cuidado da equipe do HRT, mesmo sem condições estruturais do hospital", detalhou Adriana.
Thomas segue internado, mas agora em um hospital particular. Na última segunda-feira (2), ele passou por um procedimento de ECMO, uma oxigenação por membrana extracorpórea. Na prática, o tratamento funciona como um coração e um pulmão artificiais.
"O procedimento deu certo, nenhuma complicação. Depois disso, a arritmia parou e os batimentos cardíacos se estabilizaram. Outra notícia boa é que os pulmões, que estavam encharcados, já estão limpos. A preocupação com os rins, que poderia exigir hemodiálise, por enquanto, diminuiu porque ele voltou a urinar. A equipe que o atende é muito competente e está fazendo de tudo para ele ficar bem. A fé se renova a cada minuto com as orações de todos, que estão fazendo toda a diferença", contou a mãe do menino.
Para Adriana, a percepção do marido de ter procurado o animal e levado para o hospital fez diferença na rapidez do diagnóstico e do tratamento da equipe médica. "Eu não tinha a informação de qual hospital era referência e a importância de levar o animal para análise da equipe médica. Como o meu marido tinha essas informações, fez muita diferença no atendimento inicial", detalhou a mãe da criança.
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, o escorpião Titus Serrulatus, conhecido como escorpião amarelo, é a espécie que mais causa acidentes graves, especialmente em crianças. “É importante destacar que ele não ataca se não for ameaçado, mesmo acidentalmente, mas reage como defesa. A fêmea reproduz sozinha, por isso, onde tem abundância de alimentos, insetos e baratas, sua reprodução gera muitos filhotes. O período de chuvas favorece o crescimento, pela abundância de alimentos”, explica a pasta.
Thomas e a família moram em uma área onde há muito verde e obras, o que favorece o aparecimento do animal.
Apesar de ter reagido bem ao tratamento de ECMO, o menino ainda não está fora de perigo. “Espero que seja só mais um caso de exemplo, para a gente e para outras pessoas tomarem cuidado”, desabafa Adriana Caitano.
Como prevenir
A Secretaria de Saúde recomenda manter lixo, entulhos e restos de obras em locais bem acondicionados para evitar acidentes. A pasta reforça a importância da vedação de tomadas e espelhos de luzes, por onde os animais costumam passar. Evitar cortinas e cobertas que alcancem o chão também é indicado. “É necessário verificar sapatos, camas e berços antes do uso", completa a secretaria.
O soro para acidentes com cobras, escorpiões e aranhas pode ser solicitado nos hospitais de Planaltina, Sobradinho, Ceilândia, Taguatinga, Santa Maria, Gama, Paranoá, Asa Norte e Brazlândia. O Hospital Materno Infantil de Brasília também disponibiliza o antídoto.
A Secretaria de Saúde detalha ainda que, em caso de acidentes envolvendo escorpiões, a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival/SES) deve ser acionada em um dos 15 núcleos de vigilância ambiental ou pelo telefone 160 para inspeção no local.
Fonte: R7