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A benção religiosa da união de Kátia e Antônio que foi esperada por 31 anos aconteceu no Hospital do Bem poucas horas antes dele falecer. Confira imagens
08/02/2023 12h41
Por: PATOS ONLINE Fonte: Por News Comunicação/Assessoria
Foto: Divulgação

Certo dia, ainda bem jovem, Kátia Cilene Alves da Silva pediu a Santo Antônio que lhe concebesse um matrimônio com um homem amigo, companheiro e trabalhador. Antônio Maciel dos Santos também sonhava em encontrar uma esposa que o amasse e com a qual ele pudesse constituir uma família e viver feliz por toda a vida. E em fevereiro de 1990, o destino cruzou o caminho de ambos e, desde então, eles nunca mais se separaram. Casaram no civil em 1992, mesma época em que Kátia engravidou do primeiro filho Kaike. Depois, veio o Kelfanio, o segundo filho, e por causa dos compromissos de todo casal eles foram adiando o desejo de receberem também as bênçãos religiosas desta união. Até o ano passado, eles sonhavam com uma linda festa e iam realizá-la, mas, o destino às vezes atropela os sonhos, mas não impede que eles sejam concretizados. O diagnóstico de um câncer no estômago e a incerteza do amanhã antecipou os planos do casal que trocou a igreja tão sonhada, pela enfermaria do Hospital do Bem, em Patos, onde ele faz tratamento, para a concretização deste sonho acalentado e adiado por 31 anos. E nesta terça-feira (7), com a benção do Pe. Flávio, da Paróquia de Santo Antônio, e rodeado de familiares e amigos mais próximos, além da equipe da unidade oncológica, o amor deles também foi abençoados na fé. Pouco tempo depois da cerimônia, no começo da noite, o Sr. Antônio se despediu de todos nós.

O casamento religioso aconteceu de forma diferente, mas, não menos emocionante. Houve entradas dos noivos, ela conduzida pelo irmão, Edilson Alves da Silva e ele, por causa da fragilidade física, passou pelo mesmo corredor só que na cama hospitalar e com o suporte de oxigênio. A liturgia, embora mais breve pela condição de saúde de Antônio, seguiu o rito com o juramento, benção e colocação das alianças, terminando com a comunhão. “Foi um momento de consagração de nosso amor, meu para com ele, dele comigo, não era o que a gente sempre imaginou fazer, mas, enfim, realizamos esse sonho comum que era ter a benção religiosa para nossa comunhão. Um sonho tão simples de realizar, mas que a gente ainda não tinha realizado e agora conseguimos”, disse Kátia, que também teve direito a ramalhete de rosas, bolo temático e estava de vestido e sapatos brancos que bem simbolizaram a pureza desta feliz união que durou exatos 31 anos.

A benção religiosa foi compartilhada com o filho mais velho do casal, Kaike Alves, pelo sobrinho Victor Bruno que mora com eles e é filho do coração, por outros familiares, amigos e pela equipe do Hospital do Bem, onde ele fazia tratamento desde o dia 29 de dezembro do ano passado. O filho mais novo, Kelfanio, infelizmente, não conseguiu passagem para presenciar o momento. O Diretor Geral do Complexo de Patos, Francisco Guedes, acompanhou a cerimônia e disse que se emocionou bastante. “O amor é algo tão sublime que suplanta qualquer sofrimento e mesmo durante um tratamento oncológico encontra espaço para se manifestar”, disse ele, lembrando que a iniciativa de realizar o ato religioso partiu da família e a realização da cerimônia foi autorizada pela direção do hospital. “Como poderíamos negar um pedido onde há tanto amor e carinho envolvidos”, reitera o Diretor Geral do Complexo de Patos, Francisco Guedes.

A oncologista do Hospital do Bem, Dra. Nayarah Xavier também esteve presente, se emocionou e lembrou que o momento não era de tristeza, mas, de celebração da vida. “Esse foi um momento de alegria, de celebração de uma existência feliz. Poucas coisas na vida são eternas e o amor é uma delas e porque não celebrá-lo”, disse a médica, lembrando que o momento de cuidados paliativos pode ser ressignificado de variadas formas com os pacientes a exemplo do que aconteceu nesta celebração. “Realizar os sonhos de nossos pacientes deve fazer parte também dos cuidados paliativos porque, afinal de contas, é isso que vai ficar. Quando identifiquei em visitas na enfermaria que havia esse sonho do casal, partilhei com o Serviço Social que abraçou a ideia e passamos a sonhar juntos como realizar esse desejo que culminou com a cerimônia de hoje”, reiterou Dra. Nayarah.

“Essa história de hoje nos mostra, mais uma vez, que temos uma responsabilidade imensa, que vai além da Medicina, do tratamento e que quando um paciente neste estado fala de um sonho, um desejo, uma vontade, a gente precisa dar ouvidos. Porque pode ser o último desejo a ser realizado. E no caso do Sr. Antônio foi. Ele só esperou isso acontecer para partir e descansar, com dignidade, acolhimento e amor”, reiterou Dra. Nayarah.

Sobre o tratamento no Hospital do Bem

Antônio começou a se sentir mal em novembro do ano passado. Fez vários exames como ressonância, angioressonância, ultrassom com doppler e vários outros, inclusive os de câncer e nenhum mostrava o que era realmente a doença. A família, que até então morava em João Pessoa, soube da atuação do Hospital do Bem e mudou-se para Patos. Foi uma endoscopia com biópsia que revelou o diagnóstico de câncer de estômago. O tratamento oncológico em Patos começou no dia 29 de dezembro do ano passado. Antônio ficou internado desta data até o dia 24 de janeiro, quando teve alta. Retornou no dia 02 deste mês, onde permaneceu internado dando continuidade ao tratamento de cuidados paliativos até a noite desta terça-feira quando faleceu em decorrência de complicações da doença. “Obrigado a todos que fazem o Hospital do Bem, por tratar a gente tão bem. Aqui, desde o porteiro aos médicos a gente é tratado com muito amor. Não me arrependo em nenhum momento de ter vindo para Patos para fazer o tratamento dele aqui no Hospital do Bem. Aqui encontramos uma família do coração e tenho muita gratidão por tanto acolhimento e cuidado”, disse Kátia logo após a cerimônia.

Por News Comunicação/Assessoria