O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira que desconfia que o plano para atacar o Senador Sergio Moro (Uniao-PR) é uma “armação” do ex-juiz da Lava-Jato. A declaração foi dada pelo petista durante sua visita ao Complexo Naval de Itaguaí, na região metropolitana do Rio, onde está a linha de produção do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha do Brasil.
“Acho que é mais uma armação do Moro”, diz ? sobre plano do PCC contra o senador. Quanto mais abre a boca mais Lula se complica. pic.twitter.com/7RzK2gReOU
— tuca (@tucabr54) March 23, 2023
Ao ser indagado como acompanhava o plano criminoso revelado pela PF de atacar o Moro e outras autoridades, o presidente reagiu:
— Eu não vou falar porque eu acho que é mais uma armação do Moro, mas eu quero ser cauteloso. Eu vou descobrir o que aconteceu — disse Lula, enfatizando novamente:
— É visível que é uma armação do Moro, mas eu vou pesquisar e vou saber porque da sentença. Até fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele, mas isso a gente vai esperar. Eu não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Eu acho que é mais uma armação e se for mais uma armação ele vai ficar mais desmascarado ainda, ai eu não sei o que ele vai fazer da vida se ele continuar mentindo do jeito que está mentindo.
Lula se refere a operação Sequaz, realizada pela Polícia Federal nesta quarta-feira, e que prendeu nove suspeitos de planejarem ataques contra diversas autoridades, entra elas o senador Sergio Moro (União-PR), e do promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya.
A operação foi chancelada pela juíza Gabriela Hardt, que assinou os mandados de prisão e de busca e apreensão cumpridos pela PF. A magistrada substituiu o próprio Moro na Operação Lava-Jato quando o ex-juiz pediu exoneração do cargo, no fim de 2018, para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro.
O petista participou da agenda no Rio em um gesto para se aproximar das Forças Armadas, e visitou o Complexo Naval de Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro. No local está a linha de produção do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), da Marinha do Brasil.
O petistas visitou as instalações do programa que foi lançado por ele em 2008, em seu segundo mandato. Lula se reuniu por cerca de 15 minutos com o comando Marinha e almoçou na base naval.
Acompanharam a vista a primeira-dama Janja da Silva; a ministra do Turismo, Daniela Carneira; o senador Renan Calheiros; a Embaixadora da França no Brasil, Brigitte Collet; a Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Barbosa de Oliveira Santos; e o Ministro Chefe do GSI, General de Divisão Gonçalves Dias.
A principal estratégia do petista para melhorar a relação do governo com os militares é a retomada de investimentos em projetos de interesse das tropas, como é o Prosub.
A relação com a caserna que já era de desconfiança devido aos alinhamento ideológico da instituição com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), começou ainda mais turbulenta em seu novo governo com os ataques do dia 8 de janeiro e a consequente demissão do comando do Exército.
Ao longo de seu mandato, Bolsonaro também visitou o complexo de Itaguaí para participar do lançamento do submarino Humaitá. Lula visitou essa mesma embarcação que está em fase de testes e deverá ser entregue em pleno funcionamento à Marinha ainda neste ano.
O projeto do Prosub inclui a construção de quatro submarinos de propulsão convencional — com motores diesel-elétricos de fabricação francesa — e uma quinta embarcação de propulsão nuclear, com previsão de entrega somente em 2031.
O programa prevê um investimento total de R$ 37,1 bilhões e é fruto de uma parceira estratégica de transferência de tecnologia com a França.
Além da promessa de investimentos em projetos caros à caserna, Lula prevê participar de formaturas de oficiais ao longo do ano, como forma de demonstrar prestígio aos militares. O mesmo expediente foi seguido por Bolsonaro ao longo de seu mandato.
O principal desafio do petista é estabelecer uma boa relação com as cúpulas hierárquicas das Forças, que se politizaram ao longo dos últimos anos e influenciam ideologicamente toda a tropa.
— Lula está vindo colher uma semente do que ele plantou em 2008 — disse o Contra-Almirante Luiz Roberto Cavalcanti.
A agenda também reforça a promessa de campanha do petista de retomar o investimento na indústria naval do Rio de Janeiro.
Fonte: O Globo