Em coletiva de imprensa realizada no final da manhã desta sexta-feira, dia 04 de agosto, a Polícia Civil deu mais detalhes sobre a Operação Infidelis Procurator, desencadeada na cidade de Patos e que culminou com a prisão de um delegado da própria instituição. Os delegados Cristiano Jacques (superintendente) e Paulo Ênio (seccional), falaram sobre a operação.
De acordo com Cristiano Jacques, a operação faz parte de um trabalho de repressão à criminalidade dentro da instituição, que vem sendo desenvolvido desde o ano passado.
"Desde o ano passado a gente vem fazendo um trabalho de repressão dentro da instituição. Ano passado nós tivemos um delegado preso, recentemente um agente de investigação, e hoje um delegado de polícia também preso com envolvimento em irregularidades. Então, é um trabalho de repressão que a gente vem desenvolvendo aqui na superintendência, justamente pra conter os índices de criminalidade, e principalmente dessas pessoas que, ao invés de combater o crime, estão se usando de suas funções públicas pra fometarem a prática dessa ação tão reprimida por todos", disse o delegado Cristiano Jacques.
Segundo Paulo Ênio, as investigações já vêm se prolongando há alguns meses e foram iniciadas por riquisição do Ministério Público. Os crimes investigados são de peculato e prevaricação.
Paulo Ênio informou que, supostamente, em tese, havia a lavratura do auto de prisão em flagrante na Central de Polícia de Patos e a cobrança de determinado valor de fiança, no entanto, esses valores só eram ecolhidos depois da Justiça identificar o não recolhimento e cobrar pro diversas vezes, alguns deles feitos totalmente fora do prazo legal e outros não realizados.
O delegado também informou que durante as buscas na casa do investigado, foram encontrados muitos inquéritos policiais, inclusive, de outras unidades que não eram de sua titularidade. Foi apreendido também uma pistola, de calibre ainda não identificado.
"A gente apura e essas buscas foram importantes no dia de hoje, porque a gente precisa identificar o que esses inquéritos estavam fazendo ali na residência, em primeiro lugar, de qual delegacia eram, de que ano. Então, foram muitos, isso não pode, inquérito policial é um documento público oficial que tem que está postado no Processo Judicial Eletrônico (PJe) ou nos livros oficiais das delegacias. Então, isso vai ser apurado pra ver se tem uma relação direta entre o não recolhimento das fianças e o não envio ao Poder Judiciário", comentou Paulo Ênio.
O advogado Corsino Neto, um dos responsáveis pela defesa do investigado também falou sobre o caso e disse que o parecer do Ministério Público foi contra a prisão do delegado, mas o mesmo foi preso pela decisão de um juiz que estava substituindo a magistrada titular.
"Questão muito superficial e estranha. Por que o titular da ação penal, o Ministério Público, que é quem denuncia, decide, dá a palavra sobre a acusação, diz que não é caso de prisão e o delegado, o juiz, entende que é? É um ponto que a gente vai levantar e só com o conhecimento da investigação, que está sigilosa ainda, é possível a gente entender", comentou.
Ou ponto citado pelo advogado foi sobre os inquéritos encontrados na residência do delegado. Segundo ele, não há proibição desses inquéritos serem trabalhados em casa.
"Hoje, é possível você fazer o teletrabalho, você levar pra trabalhar em casa, ao contrário de se dizer que isso é algo negativo, quando você leva trabalho pra casa é bom. Trabalho em casa é sinal de empenho, isso era pra ser gratificado e não condenado ou combatido. Fato é que, começou uma linha de persecução contra o delegado quando ele foi transferido de Patos e a partir daí houve toda essa situação e a gente quer entender o por quê, porque trabalhar a mais não é crime, quem quer desfazer-se de um material não leva pra casa", disse Corsino.
Por Patosonline.com
Com áudios de Higo de Figueirêdo/Rádio Espinharas FM