Wilames Shane Produções de Eventos Culturais tem o prazer de convidar a população de Patos para a emocionante apresentação do drama "Gisberta". A história retrata a jornada de Gilberto, uma pessoa transgênero que viaja para a Europa em busca de oportunidades, mas acaba sendo vítima de um trágico assassinato perpetrado por 14 adolescentes.
Esta narrativa, baseada em eventos reais, será apresentada nesta sexta-feira, às 20 horas, na Associação Comercial de Patos, pela atriz Letícia Rodrigues, que é uma mulher. Será uma oportunidade única de vivenciar essa história comovente que aborda questões importantes e sensíveis.
Contamos com a presença de todos para prestigiar este evento cultural significativo. Sua participação enriquecerá a experiência e contribuirá para a reflexão sobre temas relevantes para a sociedade. Até lá!
O drama fala de uma mulher trans brasileira que foi viver em Portugal para escapar da violência transfóbica no Brasil. Acabou torturada e morta por quatorze crianças e adolescentes. Na época eles tinham entre doze e dezesseis anos. O que torna tudo muito mais sombrio. O crime aconteceu em 2006 e ainda continua impune. Na cidade do Porto, Gisberta se tornou um símbolo da luta contra a transfobia. A dor da tragédia alimenta a força da resistência.
Letícia propõe o espetáculo em razão da Semana de Visibilidade Trans. Depois de João Pessoa, o espetáculo estará dia 26 na Associação Comercial de Patos. Dia 27 segue para Sousa, no CCBNB e encerra dia 29 em Campina Grande, no Cine Teatro São José. A Semana de luta política contra a transfobia acaba, mas a luta de Letícia é permanente. Guerreira, ela busca um mundo sem homofobia e transfobia. Combate de peito aberto crimes que silenciam vozes já oprimidas em uma sociedade que se acostumou a trocar o respeito pela hipocrisia.
Além da direção luxuosa de Misael Batista, o espetáculo conta com a força colaborativa de Nuno Lima, enfermeiro e amigo de Gisberta. A partir de conversas com Nuno, Letícia construiu uma dramaturgia de choque. Traz para o palco um discurso direto e na primeira pessoa. Uma ode desesperada e um grito covardemente silenciado. Eis o teatro enquanto representação viva das tragédias da vida real. Uma narrativa dialogada com quem sentiu de perto uma brutalidade provocada por crianças e adolescentes. A estupidez da inocência contaminada pelo ódio. O desprezo pela condição humana enquanto alicerce de todas as fragilidades do mundo.
O texto é forte e Letícia tem uma atuação visceral. O espetáculo mergulha literalmente no poço onde o corpo de Gisberta foi encontrado. Ao construir o cenário, a sensibilidade de Robson Oliver desenhou as marcas do horror silencioso das equipes de perícia policial. O horror que ceifou a vida de Gisberta ainda mata neste “país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza”.
O figurino de Ângelo Rodrigo soube traduzir a decadência. A tristeza dos últimos dias de Gisberta. Uma criatura já consumida pelo HIV e contaminada pelo desprezo. A trilha sonora ao vivo fica por conta de Chris Maurício e Alexsandra Oliveira. Constroem um ritmo alucinado, mas também pesado. Pesado como um corpo que cai num poço para nunca mais voltar. Com Gisberta a vida mergulhou num silêncio de bolhas que estouram sem ruído, mas arrancam o público do seu lugar de conforto.
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Com informações de Lau Siqueira/Diário de Vanguarda