Um computador que pertence à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi apreendido na casa de um militar do Exército durante a operação da Polícia Federal que também tem como alvo o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação foi confirmada por fontes da PF à reportagem. O equipamento estava na residência de Giancarlo Gomes Rodrigues, em Salvador.
Outros dois computadores, dez celulares, um token e uma arma também foram apreendidos. O R7 tenta contato com a defesa de Giancarlo.
A reportagem também apurou que o militar estava cedido para a Abin durante a gestão do então diretor-geral da agência Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ele exercia o cargo de assessor. A mulher dele, que não é alvo da operação, é servidora da Abin.
A operação da PF desta segunda-feira (29) apura os destinatários que teriam recebido as informações obtidas a partir do suposto esquema de monitoramento ilegal com o sistema da Abin. Agentes da Polícia Federal também fizeram buscas na casa e no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro.
A casa do parlamentar é localizada no Condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), onde o pai também possui um imóvel. São nove mandados cumpridos também em Brasília (DF) e na Bahia.
Segundo a PF, a nova fase busca avançar no núcleo político, “identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas”, explica a corporação.
Confira os endereços alvos de busca nesta segunda-feira (29)
- Rio de Janeiro (RJ) – 5 mandados;
- Angra dos Reis (RJ) – 1 mandado;
- Brasília (DF) – 1 mandado;
- Formosa (GO) – 1 mandado;
- Salvador (BA) – 1 mandado.
Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial, ou com objetivos não autorizados em lei.
As buscas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O R7 entrou em contato com a defesa do vereador e aguarda respostas. O espaço permanece aberto.
Na última quinta-feira (25), o deputado federal e ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem (PL-RJ) também foi alvo de buscas. Na ocasião, os agentes estiveram no gabinete dele na Câmara dos Deputados e o apartamento funcional, ambos localizados em Brasília.
As investigações apontam indícios de que Ramagem continuou recebendo informações de dentro da Abin mesmo depois que deixou o comando do órgão. O gabinete do parlamentar foi um dos locais onde os agentes fizeram buscas, assim como endereços de outras pessoas no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A casa e o escritório do deputado também foram alvos da ação. Ramagem deve prestar depoimento na sede da PF.
A RECORD e o R7 procuraram a assessoria de Ramagem, que disse que não se posicionaria no momento.
A PF também suspendeu sete policiais federais do exercício das funções públicas. As ações fizeram parte das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023.
Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas há um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação. A suspeita é de que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.
A PF trabalha com a suspeita de que a Abin foi usada para ajudar filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro fornecendo informações para que eles pudessem se defender de investigações em tramitação na Justiça. Em nota, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que "é mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida".
Fonte: Portal R7