A mídia nacional continua repercutindo os números positivos da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) divulgados pelo Instituto Trata Brasil na gestão do desperdício de água. O jornal Valor Econômico destacou o trabalho da Cagepa na busca de soluções sustentáveis para reduzir as perdas de água provocadas por vazamentos nas tubulações e ligações clandestinas. A Paraíba figura como 4º lugar nacional e 1º da região Nordeste neste quesito e é um dos quatro que já atingiram o padrão de excelência em perdas volumétricas, previsto como meta para 2034 pela Portaria 490/2021 do Ministério do Desenvolvimento Regional.
No estudo do Trata Brasil, o indicador “perdas volumétricas” se refere ao desperdício produzido às perdas por ligação de água. O MDR fixou o prazo de até o ano de 2034 para que as companhias de saneamento baixassem o indicador para até 216 litros por ligação ao dia. A Paraíba apresentou 215 L/ligação/dia, bem abaixo do resultado nacional, que foi de 334 L/ligação/dia.
Sobre esse quadro favorável, a Valor entrevistou o presidente da Cagepa, Marcus Vinicius Neves, que falou sobre o plano que pavimentou essa realidade: a Nova Política de Combate às Perdas no Faturamento e na Distribuição. “Em um ano, 5 bilhões de litros de água foram recuperados”, disse Marcus Vinicius.
Para acessar o conteúdo, clique aqui ou leia abaixo a matéria completa:
Companhias usam de IA a ‘estetoscópio’ para reduzir perda de água
Na média brasileira, 40,1% do que sai das empresas não chega até os consumidores
Empresas de saneamento estão se movimentando para encontrar soluções para reduzir as perdas de água provocadas por vazamentos nas tubulações e ligações clandestinas. Atualmente, 40,1% da água potável do Brasil se perde na distribuição, segundo levantamento do Instituto Trata Brasil, referência na área de saneamento e recursos hídricos, com base em dados públicos de 2021 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). A meta estabelecida no Marco do Saneamento é reduzir esse percentual para 25% até 2033.
Inteligência artificial, aprendizado de máquinas, telemetria, fiscalização e até uma espécie de estetoscópio vêm sendo usados para deter as perdas, que anualmente somam 7,3 bilhões de m3 de água, o equivalente a quase oito mil piscinas olímpicas – ou mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira, o maior conjunto de reservatórios do Estado de São Paulo.
A Companhia Saneamento de Goiás (Saneago) vem conseguindo reduzir as perdas com adoção de novos equipamentos. O Estado é um dos que menos perde água, com índice de 27%. Em Goiânia, as perdas são de 12,77%, praticamente a metade da meta que o setor deve alcançar em pouco menos de uma década.
Nos últimos anos, a Saneago realizou investimentos de R$ 40 milhões em substituições de ramais. “Além disso, foram destinados cerca de R$ 70 milhões para a implementação de hidrômetros de alta tecnologia, com previsão de mais R$ 41 milhões até o final deste ano”, diz o CEO da empresa, Ricardo Soavinski.
A companhia ainda investe em válvulas “Day Night”, que reduzem aos poucos a pressão do sistema para o patamar mínimo durante a noite, quando costumam acontecer os vazamentos. Outro instrumento adotado é a uma vareta fabricada pela própria empresa que funciona como um estetoscópio, com o qual é possível escutar fluxos de água mesmo se o registro estiver fechado, detectando, portanto, vazamentos.
Análise de dados, inteligência artificial, internet das coisas e aprendizado de máquinas (machine learning) também auxiliam no combate a perdas, como atesta a Cas Tecnologia. A empresa faz, por exemplo, um trabalho de controle automatizado e integrado daquilo que ocorre em campo, como balanço hídrico (o que foi distribuído versus o que foi consumido), controle e sensoriamento da pressão, possibilitando a detecção de vazamentos.
Segundo o gerente da Cas Tecnologia, Octavio Brasil, a companhia segue o caminho das distribuidoras de energia para a redução de perdas do insumo. “O monitoramento da água de um condomínio, por exemplo, é feito com um conjunto de medidores que passa os dados para a concessionária e a para a própria administração do condomínio. Se houver vazamento na madrugada, é possível identificá-lo”, diz.
“Cerca de 90% da perda de água vem de intervenções erradas no subsolo” — Magalhães Júnior
A Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), região que sofre com as secas do semiárido, também atingiu a meta do Marco do Saneamento antes do previsto. A Paraíba figura no 4º lugar nacional e no 1º da região Nordeste na lista dos Estados que menos perdem água tratada no Brasil. A empresa teve programas financiados pelo Banco Mundial, proporcionando a criação do Plano de Ação da Nova Política de Combate às Perdas no Faturamento e na Distribuição. “Em um ano, 5 bilhões de litros de água foram recuperados”, afirma o presidente da Cagepa, Marcus Vinicius Neves.
Para lidar com uma rede de abastecimento ultrapassada e vazamentos constantes em um Bairro de João Pessoa, a empresa criou um sistema baseado em inversores de frequência e sistema de controle nas nuvens e controle fuzzy, que é o que há de mais avançado no sistema de automação. A medida praticamente acabou com o problema da intermitência na região.
A BRK Ambiental, que atua em mais de cem municípios, utiliza a telemetria, um recurso aplicado ao sistema de medição de água, em 12 mil hidrômetros nos Estados de São Paulo, Tocantins, Goiás, Alagoas e Pernambuco. “Como resultados da telemetria, não é necessária a leitura visual, ponto a ponto, o que traz a oportunidade de redirecionamento das forças de campo. Além disso, temos a redução e combate às fraudes e irregularidades, bem como do tempo de atuação em trocas corretivas”, explica Rafaella Lange, gerente de eficiência operacional da operadora.
Mas não basta investir em tecnologia se não há práticas simples, como alerta Manuelito Magalhães Júnior, o CEO da Sanasa, distribuidora de Campinas e região. “Cerca de 90% da perda de água vem de intervenções erradas no subsolo. O pessoal da companhia de telecomunicações não tem diálogo com a empresa de energia, que não tem diálogo com a concessionária de água”, diz. Ou seja, muitas vezes vazamentos são causados por perfurações de outras companhias. Segundo ele, a cidade japonesa de Fukuoka, com boa prática de troca de informações entre as prestadoras de serviços tem índice de perda de água de apenas 1,8 %.
Por Assessoria/Cagepa