Os times de futebol no Brasil precisam cada vez mais de investimentos financeiros. As instituições públicas que se tem hoje no país não dão conta de investir anualmente em equipes, atletas e toda a estrutura necessária para um bom funcionamento de um campeonato ou partida.
Jogar futebol deixou de ser algo apenas voltado para o âmbito esportivo e passou a envolver outros fatores, e um deles é o investimento privado nos setores citados. Para se ter uma ideia, depois que o esporte se popularizou grandemente em países e cidades do Oriente Médio, como Catar e Dubai, o que se vê é um grande negócio desenvolvido no mercado esportivo, em especial no futebol.
E de onde vem tanto dinheiro aliado ao interesse na causa futebolística?
Uma casa de apostas esportivas nos dias de hoje no Brasil tem plenas condições de investir e até mesmo adquirir um clube por inteiro! Uma aposta com R$ 5,00 todos os dias feita por milhares de torcedores serve não só para trazer lucros para a casa em si e para o cliente, como também contribui para o investimento feito nos clubes.
O fato é que os investidores estrangeiros tentam conquistar o mercado de futebol do Brasil faz tempo. Por exemplo, desde a ida de Leonel Messi e mais anteriormente, de Beckham, para times dos EUA, investidores do país viram que adquirir equipes brasileiras seria uma boa jogada. E essas aquisições já começaram com a compra do Botafogo e Vasco da Gama (times cariocas) por empresas americanas.
O grupo americano 777 pretende, até o fim deste ano, adquirir a equipe alvinegra, ou melhor, mais de 70% dela. Assim como aconteceu com times europeus e vem sempre acontecendo, não só com a compra de equipes mas também a aquisição de estádios de futebol (vide o Etihad tendo comprado o local do Manchester City). Ou seja, uma abertura de times brasileiros ao investimento estrangeiro vai acontecer com maior imponência no futuro.
E qual a intenção por detrás dessa ideia que pode assustar os torcedores? Bem, esses investimentos externos têm como consequência direta uma melhor gestão do futebol. Além disso, a tendência é que haja mais fluxo de caixa, ou seja, mais dinheiro entrando, literalmente. E com isso, seria visto também uma maior capacidade competitiva entre os clubes brasileiros.
Tudo isso só começou a ser possível graças à aprovação de uma lei pelo Congresso brasileiro em 2021. A SAF (Sociedade Anônima de Futebol) determina que empresas possam transformar os clubes, isto é, as vantagens tributárias acabam por estimular esses investimentos.
E no Brasil, isso já funcionava mas nunca houve finalidade de lucros. Hoje, com a lei em vigor, vê-se uma maior abertura do futebol brasileiro para os investimentos externos tão relevantes para o avanço do esporte no país. Mas por que empresas estrangeiras veem isso tudo como algo que pode gerar lucros infinitos?
Bem, um desses fatores é saber que o real é mais desvalorizado, ou seja, o dólar tem vantagem nisso tudo, além do euro é claro. A exportação dos jogadores brasileiros já é algo rentável há muito tempo por conta da desvalorização da moeda do país frente a moedas internacionais. Isto quer dizer que as negociações de passes já são vistas como algo que deve ser incluído mais cedo ou mais tarde na realidade do futebol brasileiro.
O mercado brasileiro sempre foi visto como um mercado com grande potencial. Assim como vem acontecendo hoje com os mercados de origem árabe (haja vista que nomes como Cristiano Ronaldo e Neymar Jr estão por toda a parte naquela região), a ideia de trazer nomes consagrados e manter os que se destacam hoje no país do futebol gera bastante animação entre os investidores.
Um país com mais de 210 milhões e onde sua grande maioria gosta e aposta em futebol, por exemplo, é um país que mostra seu verdadeiro poder. Fãs querem a qualquer custo saber se suas equipes estão no topo dos campeonatos, ou seja, só aí já vemos algo bastante rentável.
Outro exemplo de investimento financeiro que pode até ser copiado por demais investidores foi a aquisição do Cruzeiro pelo ex-jogador craque da seleção, Ronaldo. Isso depois de ter adquirido 90% do time mineiro, um modelo de gestão que vem se mostrando eficaz e ético.
E o interesse de outros clubes de se transformarem em SAFs já vem acontecendo, o que tornará o futebol mais exigente e até mesmo os próprios clubes na hora de aceitar as propostas impostas pelo investimento externo. Como exemplo, hoje se tem o Bahia negociando com o grupo City, do campeão Manchester City.
Alguns clubes brasileiros ainda resistem a essa ideia, como Palmeiras e Corinthians. E talvez isso se deva ao fato de essas duas equipes já terem uma certa estrutura formada, então a análise toda se faz na real necessidade e vantagens sobre se transformar em SAF ou não. É aguardar para ver as cenas dos próximos capítulos futebolísticos.