Policial Feminicídio
Homem acusado de matar adolescente em Monteiro tem histórico de violência doméstica e foi condenado por agredir a própria filha
Em junho de 2019, Gilson agrediu fisicamente a filha após uma discussão em sua casa em Monteiro.
15/07/2024 12h55 Atualizada há 2 meses
Por: Felipe Vilar Fonte: Patos Online com g1 PB
Foto: reprodução

Na tarde do último domingo, 14 de julho, Maria Vitória dos Santos, uma adolescente de 15 anos, foi assassinada a tiros em Monteiro, na região Cariri da Paraíba. O acusado, identificado como Gilson Cruz de Oliveira, de 56 anos, está foragido desde o fato e já havia sido preso por lesão corporal dolosa em decorrência de violência doméstica contra sua própria filha. 

Segundo testemunhas, Maria Vitória e Gilson estavam bebendo juntos em casa quando uma discussão acalorada começou. Durante a briga, Gilson teria sacado uma arma e atirado na adolescente, que morreu no local. A Polícia Civil foi acionada e está investigando o caso, enquanto busca ativamente pelo suspeito.

Histórico de Violência

O histórico de Gilson Cruz de Oliveira inclui uma condenação por lesão corporal dolosa em decorrência de violência doméstica contra sua própria filha, também adolescente na época. Em junho de 2019, Gilson agrediu fisicamente a filha após uma discussão em sua casa em Monteiro. Ele chegou em estado de embriaguez, chutou o cachorro da filha e, após uma troca de palavras, a agrediu com chutes, empurrões, puxões de cabelo e mordidas. As marcas das agressões foram notadas pela direção da escola da menina, que acionou o Conselho Tutelar.

O caso foi levado à Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Monteiro, onde Gilson admitiu as agressões, afirmando que "perdeu a paciência". A denúncia foi instruída com o Inquérito Policial e recebida pelo sistema judiciário em fevereiro de 2020. Duas testemunhas também foram ouvidas em juízo e confirmaram os seus depoimentos prestados na sede policial.

O processo judicial resultante levou à condenação de Gilson em abril de 2024 a seis meses de detenção, convertidos para dois anos de serviços comunitários.

Filha tinha medida protetiva contra Gilson Cruz

Quando procurou a delegacia em 2019, após as agressões, um pedido de medida protetiva foi expedido contra Gilson Cruz pela prática crime de lesão corporal em decorrência de violência doméstica. A medida durou dois anos.

Em 2021, a adolescente declarou que não possuía interesse na manutenção das medidas protetivas deferidas, afirmando que reconciliou-se com seu pai.

Maria Vitória trabalhava para seu assassino e era agredida

Conforme informações da delegacia de Monteiro, Maria Vitória conheceu Gilson quando começou a trabalhar na padaria dele há quase dois anos.

Logo depois, passaram a se relacionar e há 4 meses moravam juntos. A família aprovava o relacionamento da menor com o homem.

O delegado que acompanha o caso, Sávio Siqueira, informou que conhecidos relatam um relacionamento com constantes agressões de Gilson contra a vítima. Apesar disso, não existe registro policial dessas agressões.

g1 perguntou indagou sobre a possibilidade de crime sexual, dado a diferença grande de idade e o tempo do relacionamento. Apesar disso, a delegacia afirmou que o namoro se iniciou após a idade de consentimento brasileira, que é 14 anos.

Feminicídio aconteceu dentro de casa

O caso aconteceu na casa de Gilson, localizada no Loteamento Apolônio, no bairro de Bernardino Lemos, em Monteiro. De acordo com testemunhas, Maria Vitória e Gilson estariam bebendo quando uma discussão foi iniciada. Foi nesse momento que o homem teria feito os disparos que matou a menina.

Conforme o delegado Sávio Siqueira, ela foi morta com tiros de revólver. Ele explica que o próprio Gilson já contatou sua defesa e a Polícia Civil recebeu a notícia do caso através do advogado do suspeito.

 

"Ele atirou mais de uma vez, ele se certificou de fato acertá-la e acertou de uma maneira que não tinha como ela sobreviver", disse o delegado.

Investigações estão em curso para encontrar Gilson. Ele que segue foragido até a última atualização desta matéria, mas deve ser indiciado pelo crime de feminicídio.

Como denunciar

Denúncias de estupros, tentativas de feminicídios, feminicídios e outros tipos de violência contra a mulher podem ser feitas por meio de três telefones:

  • 197 (Disque Denúncia da Polícia Civil)
  • 180 (Central de Atendimento à Mulher)
  • 190 (Disque Denúncia da Polícia Militar - em casos de emergência)

 

Além disso, na Paraíba o aplicativo SOS Mulher PB está disponível para celulares com sistemas operacionais Android e IOS e tem diversos recursos, como a denúncia via telefone pelo 180, por formulário e e-mail.

As informações são enviadas diretamente para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, que fica encarregado de providenciar as investigações.

 

Patos Online
Com g1 PB