Brasil Tragédia aérea
Equipes concluem retirada de corpos das 62 vítimas de acidente aéreo 29h após queda de avião
Trabalhos em Vinhedo foram encerrados às 18h30 deste sábado com 34 corpos masculinos e 28 femininos removidos. Desastre é a maior desde a queda do avião da TAM em 2007.
10/08/2024 19h52 Atualizada há 3 meses
Por: Felipe Vilar Fonte: g1
Acidente com avião em Vinhedo — Foto: Andre Penner/AP

A Defesa Civil Estadual confirmou que todos os 62 corpos das vítimas do acidente aéreo em Vinhedo (SP) foram retirados dos destroços da aeronave. A conclusão dos trabalhos ocorreu às 18h30 deste sábado (10).

Segundo a Defesa Civil, 34 corpos são masculinos e 28 femininos. Todos foram encaminhados para a unidade central do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo para a identificação e liberação às famílias.

"A unidade segue com atendimento ininterrupto e exclusivo às vítimas do acidente aéreo. Até o momento, 50 corpos foram enviados ao IML Central e o restante está a caminho do local", comunicou o órgão.

 

Identificação das vítimas

Dois corpos foram reconhecidos até 18h30 de sábado, segundo a Defesa Civil. No total, 30 foram necropsiados e radiografados.

O Instituto Médico Legal (IML) Central atua com cerca de 20 médicos, além de equipes de odontologia legal, antropologia e radiologia, no trabalho de recebimento e identificação dos corpos.

"As demais ocorrências que seriam atendidas no local estão sendo direcionadas às unidades do IML nas zonas leste e oeste, que funcionarão 24 horas. O IML na zona norte também prestará apoio, durante o dia, para casos de clínica médica", completa a Defesa Civil.

Os familiares das vítimas foram acomodados em um hotel na região central de São Paulo. Trinta e oito famílias foram recebidas até as 18h30 e estão sendo atendidas no local pelo governo do estado. A Secretaria de Desenvolvimento Social monitora os atendimentos.

"Após a acomodação nos hotéis, onde também recebem acompanhamento psicológico, os familiares são encaminhados ao Instituto Oscar Freire, onde são acolhidos por equipes da Defesa Civil do Estado", informou o órgão.

"Além de apoio psicológico, os familiares são orientados sobre os documentos médicos que podem auxiliar na identificação dos corpos, além da coleta de materiais biológicos para a realização de exames genéticos, quando necessário", completou.

Investigação

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgou imagens da abertura das duas caixas-pretas do avião.

Segundo o órgão, os dois gravadores de voo, popularmente conhecidos como caixas-pretas, o Cockpit Voice Recorder (CVR - gravador de voz da cabine) e o Flight Data Recorder (FDR - gravador de dados de voo) foram transferidos para o Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (Labdata) do Cenipa, em Brasília (DF), na manhã deste sábado (10).

"Os trabalhos preliminares de preparação, extração e degravação de dados foram iniciados pelos investigadores e devem prosseguir, de maneira ininterrupta, pelas próximas horas", explicou.

Após a conclusão da etapa inicial, em Vinhedo, a investigação avançará para a fase de análise de dados.

Neste estágio, serão examinadas as atividades relacionadas ao voo, o ambiente operacional e os fatores humanos, bem como um estudo de componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros.

"O Cenipa reitera a intenção e previsão de divulgar, no prazo estimado de 30 dias, o relatório preliminar do acidente aeronáutico", finalizou.

As caixas-pretas são fundamentais para a investigação das causas do acidente. Isso porque abrigam gravadores que, se encontrados intactos, contêm informações importantes. Um avião, a exemplo do ATR-72 que caiu, possui duas caixas-pretas:

Com esses dados da aeronave e os áudios da cabine, os investigadores podem entender a dinâmica e os fatores que podem ter contribuído para a queda do avião.

Referência nesse tipo de investigação

Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o Cenipa é referência internacional nesse tipo de investigação, mas pode contar com a ajuda da fabricante se não conseguir extrair os dados e áudios.

"Nós temos a capacidade de fazer a obtenção desses dados, mas, em função da gravidade do evento, o gravador é exposto a uma temperatura tão alta que os equipamentos internos se danificam, impossibilitando a extração. Mas quando isso ocorre, temos acordo de parceria com agências de investigações, da França, Canadá ou dos Estados Unidos", explicou o brigadeiro.

 

Fonte: g1