As mensagens trocadas por assessores de Alexandre de Moraes, que deram origem ao escândalo que O Antagonista apelidou de Vaza Toga, mostram que a estrutura montada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para combater fake news serviu até para levantar informações sobre um dos responsáveis por reformar o apartamento do ministro.
Em reportagem publicada nesta sexta-feira, 16, a Folha de S. Paulo, que diz ter “mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocadas via WhatsApp por auxiliares de Moraes”, informa que Wellington Macedo, policial militar lotado no gabinete de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), “utilizou o órgão de combate à desinformação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para levantar informações sigilosas sobre uma pessoa que faria uma obra na casa do ministro”.
O jornal diz que as conversas entre Macedo e Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE, “indicam o uso de banco de dados da Polícia Civil de São Paulo para as pesquisas de informações que não podem ser obtidas em plataformas de acesso público”.
Mensagens relevadas na quinta-feira, 15, já apontavam pedidos de Macedo “fora do rito” para levantar dados relacionados à segurança de Moraes e de seus familiares.
Em 24 de fevereiro de 2023, o segurança do ministro encaminhou um nome e solicitou a Tagliaferro que levantasse a ficha criminal. “Apenas se tem ou não passagem pela polícia”, esclareceu Macedo. “Boa tarde. De qual estado ele é? SP?”, respondeu Tagliaferro. “Ele é uma das pessoas que fará reforma no apt do Min”, afirmou Macedo.
Segundo a Folha, a pedido do PM “foram acessados dados como endereço, telefone, filiação e histórico criminal do prestador de serviço”. “As mensagens que abordam o levantamento das informações indicam que os dados acessados eram sigilosos, o que contradiz a fala de Moraes no plenário do STF na quarta (14) quando ele afirmou que os dados solicitados pelo seu gabinete a AEED eram todos públicos”, completou o jornal.
O jornal diz que “cerca de uma hora depois do pedido, por volta das 16h30, Tagliaferro enviou um relatório intitulado ‘Consulta – Polícia Judiciária SP’ e outro nomeado de ‘Registro Civil'”. Também foram encaminhadas cópias de boletim de ocorrência em nome da pessoa indicada pelo segurança de Moraes.
Segundo a Folha, foi encontrado um registro de suposto homicídio na ficha criminal em questão, e Tagliaferro levantou a possibilidade de que poderia se tratar de um homônimo. Após outras buscas, o assessor encontrou informações sobre o processo e o cumprimento de pena pelo prestador de serviço.
Excelente. Agora sim. Vou passar ao chefe”, disse o PM após receber as informações.
Fonte: O Antagonista com informações do Jornal Folha de São Paulo