Policial Operação Integration
Deolane Bezerra fica em cela isolada de presídio após passar por exame de delito
Empresária e influencer é alvo de operação contra lavagem de dinheiro e prática de jogos ilegais. Ao todo, foram expedidos 19 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão em seis estados.
04/09/2024 23h36 Atualizada há 3 meses
Por: Felipe Vilar Fonte: g1 PE
Foto: Reprodução/TV Globo

A advogada, empresária e influenciadora Deolane Bezerra passou por exame de corpo de delito, nesta quarta-feira (4), após ser presa numa operação contra uma quadrilha suspeita de lavagem de dinheiro e jogos ilegais. Em seguida, ela foi levada à Colônia Penal Feminina do Recife, na Iputinga, na Zona Oeste do Recife, onde chegou sob gritos de fãs que a esperavam.

A mãe dela, Solange Bezerra, também foi detida. O exame foi realizado no Instituto de Medicina Legal (IML), cuja sede fica no bairro de Santo Amaro, no Centro do Recife. A TV Globo registrou o momento em que a advogada e a mãe dela chegam numa viatura policial e, em seguida, entram em uma sala.

A advogada ficou pouco tempo no local e saiu dentro de viatura, sem ser vista pela imprensa. Em seguida, ela foi encaminhada à penitenciária. A TV Globo apurou que a audiência de custódia deve acontecer na quinta-feira (5).

De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco (Seap), "por se tratar de um caso de repercussão, a unidade prisional tomou as medidas cabíveis de segurança a fim de resguardar a integridade física da pessoa privada de liberdade, mantendo-a em cela reservada".

Prisão

A prisão de Deolane aconteceu em um hotel no bairro de São José, na região central do Recife. A informação foi confirmada à TV Globo pela Polícia Civil de Pernambuco.

As investigações da operação "Integration" foram iniciadas em abril de 2023. Ainda de acordo com a Polícia Civil, também foi decretado o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações de vários investigados.

Além de bloqueios de ativos financeiros no valor de mais de R$ 2,1 bilhões de vários alvos, também foi pedida a entrega de passaporte, suspensão do porte de arma de fogo e cancelamento do registro de arma de fogo também de várias pessoas.

As investigações contaram com a colaboração da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), e das polícias civis dos estados de São Paulo, Paraná, Paraíba, Goiás e Minas Gerais. Ao todo, 170 policiais estão envolvidos na operação.

Após a prisão, mãe e filha foram levadas para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste na cidade. A mãe de Deolane chegou a passar mal e precisou ser levada para um hospital particular da cidade para ser atendida.

Uma das empresas que está sendo investigada pela operação é a plataforma de apostas online Esportes da Sorte, que patrocina times de futebol como o Corinthians, Athletico-PR, Bahia, Grêmio, Palmeiras, Ceará, Náutico e Santa Cruz. Em nota, a empresa disse ter compromisso com a verdade e com o cumprimento de seus deveres legais.

De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, foram feitos bloqueios de ativos financeiros no valor de mais de R$ 2,1 bilhões. Além disso, foi determinada a entrega de passaporte, a suspensão do porte de arma de fogo e o cancelamento do registro de arma de fogo de envolvidos no esquema.

Segundo o delegado Renato Rocha, apenas em um local foram encontrados 11 relógios da marca de luxo "Rolex". Um dos alvos já é considerado foragido da Justiça.

Entre os bens apreendidos estão:

2 helicópteros

1 avião

carros de luxo, sendo um na mansão de Deolane Bezerra

embarcações

imóveis

joias

notas de dinheiro em euro e dólar

bolsas de luxo

garrafas de vinho avaliadas em torno de R$ 5 mil cada uma

O que diz a defesa

O escritório da advogada Adélia Soares, que defende Deolane e Solange, publicou uma nota nas redes sociais em que diz que a investigação é sigilosa e que a divulgação de detalhes específicos do processo "não só desrespeita o direito à privacidade da investigada, como também pode configurar violação de segredo de Justiça, sujeitando os responsáveis às devidas sanções legais".

"Ressaltamos que a Dr. Deolane Bezerra tem plena confiança na Justiça e permanece à disposição para colaborar com as autoridades competentes, de modo a esclarecer todos os fatos. Além disso, informamos que o corpo jurídico da Dra. Deolane já está tomando todas as providências cabíveis para garantir o respeito ao sigilo processual e para responsabilizar aqueles que, porventura, estejam divulgando informações inverídicas ou confidenciais de forma indevida", diz a nota.

Nas redes sociais, a irmã de Deolane, Dayanne Bezerra, disse que a irmã e a mãe são inocentes.

"Mais uma vez, venho aqui por minha cara a bater e falar que estamos sendo perseguidas. E que vamos provar a nossa inocência, custe o que custar. Espero que não venham especular e que não me perguntem nada. O que eu tinha para dizer, está dito aqui. E se eu tiver alguma atualização, eu venho falar, porque nós não temos vergonha e nós não devemos nada", disse a irmã.

O que diz a Esportes da Sorte

Por meio de nota, a Esportes da Sorte informou que "ratifica seu compromisso com a verdade, com o jogo responsável e, principalmente, com o cumprimento de todos os seus deveres legais".

"A nossa casa está de portas abertas para apresentar documentos, esclarecer dúvidas e prestar apoio irrestrito a qualquer ação investigatória. Atuamos sempre com muita transparência e lamentamos o fato de, no momento, estarmos às escuras, sem acesso aos autos do inquérito e aos motivos da ação policial. Seguimos à disposição para todo tipo de esclarecimento que seja necessário para elucidar qualquer controvérsia", diz a nota.

O advogado do dono da Esportes da Sorte, Pedro Avelino, disse em entrevista que ainda precisa entender o contexto da operação.

"O que aconteceu hoje foi um cumprimento de um mandado de busca e apreensão. A gente vai se habilitar dentro dessa representação para entender todo o contexto. É importante registrar que a gente já se colocou à disposição da autoridade policial há mais de um ano e meio. Então a gente acha estranho virem medidas tão gravosas como mandado de prisão, mandado de busca e apreensão, quando a gente desde o início da investigação vem cooperando com a polícia", disse o advogado.

 

Fonte: g1 PE