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Mais um: Ex-aluna acusa ex-ministro de Lula de assédio sexual: “Me puxou e beijou”
Silvio Almeida é “predador sexual”, diz ex-aluna que o acusa de assédio sexual em universidade em 2007; ex-ministro não comenta
16/09/2024 22h30 Atualizada há 2 dias
Por: Marcos Oliveira Fonte: Metrópoles 
Foto reprodução

Uma ex-aluna do professor e advogado Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos, afirmou em entrevista à coluna ter sido assediada sexualmente por ele em 2007, quando cursava direito na Universidade São Judas, em São Paulo. Almeida foi demitido do ministério no último dia 6, depois que a coluna revelou que o então ministro era alvo de denúncias de suposto assédio sexual contra mulheres, inclusive contra a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

A mulher, que pediu para não ser identificada por medo de represálias, conversou com a coluna por duas vezes na quinta-feira (12/9), em entrevistas gravadas. O suposto caso revelado por ela não é o da mesma ex-aluna que conversou com a repórter Laís Martins, cujo episódio narrado teria ocorrido em 2009.

Segundo a ex-aluna entrevistada pela coluna, o episódio aconteceu no início do segundo semestre de 2007, durante um evento da São Judas. De acordo com o relato, a cena foi presenciada por cerca de cinco alunos e por uma professora.

“A gente estava conversando quando ele [Silvio Almeida] chegou. Eu não me sentia muito à vontade com a presença dele, então dei um passo para trás para evitar cumprimentá-lo. Ele me olhou e falou assim: ‘Você não vai me dar um beijo com essa sua boca gostosa, não?’. Aí eu travei e ele me puxou, me deu um beijo no canto da boca, quase meio lábio. Entrei em choque e saí da roda de pessoas. Todos os outros continuaram”, afirmou a mulher.

A ex-aluna enviou à coluna prints de duas conversas com um interlocutor, em dezembro de 2022 e em janeiro de 2023, em que ela conta o episódio que afirma ter vivido em 2007.

Para ela, Silvio Almeida se comportou como um “predador sexual”. “É um predador sexual, não precisa ser da área do direito para saber.”

Em 2006, um ano antes do episódio narrado, Silvio Almeida havia sido professor da estudante no curso de direito, na disciplina filosofia. Nessa época, segundo a ex-aluna, ela e outras colegas já percebiam comportamentos inadequados de Almeida.

“Ele tinha um comportamento de medir com o olhar, morder os lábios quando ele olhava para a gente. O jeito que ele abraçava a gente, pegava um pouco abaixo do seio. Era escancarado, fora do normal.”

Dezessete anos depois, a ex-aluna disse ainda sofrer em relembrar, especialmente depois que vieram à tona denúncias de assédio sexual praticadas pelo ex-ministro dos Direitos Humanos.

“Senti nojo, asco, me senti violada. Eu não dei liberdade, ele encostou no meu corpo sem consentimento. Dói. A cada hora que eu abro a internet [e leio sobre outras denúncias], parece que estou sendo beijada à força, sendo puxada, ouvindo tudo de novo.”

Para ela, uma eventual denúncia sem o anonimato, contra um advogado ligado a grandes escritórios, faria com que a vítima jamais conseguisse um emprego no mundo jurídico. Mesmo assim, estimulou outras possíveis vítimas de assédio a levarem o caso a público.

“Com a internet ficou mais fácil denunciar. A gente tem de falar para não se repetir”, afirmou a ex-estudante da São Judas.

Procurado, Silvio Almeida não respondeu. O espaço segue aberto a eventuais manifestações.

Procurada, a Universidade São Judas afirmou que apura o tema e que não recebeu nenhuma denúncia contra Silvio Almeida, que deixou de trabalhar na faculdade há cinco anos. Leia o comunicado da faculdade na íntegra:

“A Universidade São Judas reforça seu compromisso com a criação de um ambiente seguro, ético e respeitoso para todos os alunos e colaboradores, repudiando toda e qualquer atitude que possa caracterizar constrangimento, assédio ou violência. Importante destacar que, até o momento, a instituição não recebeu nenhuma denúncia ou relato formal de natureza semelhante aos mencionados, em seus canais oficiais, por isso, desconhecemos os fatos. Contudo, apesar de não haver qualquer relação jurídica com o ex-professor há cinco anos, a instituição está apurando internamente o tema e se coloca à disposição das autoridades competentes para contribuir com o que for necessário na apuração da verdade dos fatos.”

Fonte - Metrópoles