O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve o microfone cortado ao fazer seu primeiro discurso de 2024 na sede das Nações Unidas. Foi neste domingo (22/9), durante a abertura da Cúpula do Futuro, em Nova York, nos Estados Unidos (EUA). O encontro, que antecede a 79ª Assembleia das Nações Unidas, foi convocado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
Lula estava no meio da frase “O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico”, quando o microfone foi cortado logo após a palavra “peso”.
O corte segue uma regra estabelecida pelo presidente da Assembleia Geral da ONU, Philémon Yang: as falas de chefes de Estado e de governo não podem exceder cinco minutos de duração. Caso contrário, o discurso é cortado.
Apesar de ser interrompido pelos agradecimentos do presidente da sessão, o presidente prosseguiu com a fala, que passou a não ter áudio na transmissão oficial e nos alto-falantes da sede das Nações Unidas. Faltavam apenas mais três fases para encerrar — leia aqui a íntegra do discurso do presidente Lula.
Assista ao momento:
Outros líderes também tiveram os microfones cortados. Foi o caso, por exemplo, dos representantes de Serra Leoa e Iêmen, que discursaram antes de Lula.
No discurso, Lula questionou a existência do que chamou de “duplos padrões” e “omissão diante de atrocidades” por parte do Conselho de Segurança da ONU e afirmou que o Sul Global, do qual o Brasil faz parte, está sub-representado nesses fóruns internacionais, desconsiderando seu atual peso político, econômico e demográfico.
O petista também defendeu a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa do Brasil na Presidência do G20 neste ano de 2024.
No tema do clima, ele disse que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável “caminham para se tornarem nosso maior fracasso coletivo”. Disse ainda que os níveis atuais de redução de emissões de gases do efeito estufa e financiamento climático são insuficientes para manter o planeta seguro.
Citando os conflitos na Europa e no oriente Médio, a corrida armamentista e as mudanças climáticas, o brasileiro cobrou dos líderes mundiais mais “ambição e ousadia”.
Ele finalizou pedindo “coragem e vontade política” para deixar às gerações futuras uma governança que responda de forma efetiva aos atuais desafios e aos que surgirão no futuro.
Acompanharam o discurso de Lula na Sede das Nações Unidas, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja; os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Marina Silva (Meio Ambiente); e o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); além do assessor especial da Presidência, Celso Amorim.
A Cúpula do Futuro é uma reunião de chefes de Estado e governo de iniciativa do secretário António Guterres. Na ocasião, foi assinado o Pacto para o Futuro, que estabelece princípios e compromissos dos membros da ONU para um novo multilateralismo e para a cooperação internacional.
O Pacto aborda temas como desenvolvimento sustentável; direitos humanos; paz e segurança internacionais; ciência, tecnologia e cooperação digital; juventude e gerações futuras; e reforma da governança global. Em anexo ao Pacto, também foram adotados a Declaração para Gerações Futuras e o Pacto Global Digital.
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