Brasil Eleições 2024
Após derrota para Nunes, Boulos afirma que perdeu na urna, 'mas recuperou dignidade da esquerda'
Com a vitória de Ricardo Nunes, o psolista afirmou que o resultado para os partidos de oposição foi adverso em várias capitais do Brasil e pediu empenho da militância para o que chama de 'batalhas futuras', fazendo referência indireta à eleição presidencial de 2026.
28/10/2024 09h55 Atualizada há 1 dia
Por: Felipe Vilar Fonte: g1 SP
Foto: YURI MURAKAMI/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Derrotado pela 2ª eleição seguida na eleição para prefeito da cidade de São Paulo, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, disse na noite deste domingo (27), após a apuração final dos votos, que perder faz parte do jogo, mas que a campanha de 2024 serviu para a esquerda "recuperar sua dignidade" eleitoral.

“A gente não ganhou essa eleição. Faz parte. Eleição se perde e se ganha, o que a gente não perde é nossa dignidade. Por mais que a gente tenha perdido na urna, a gente teve uma vitória importante, que foi recuperar a dignidade da esquerda. Daquilo que a gente acredita, de olho no olho. De falar com o povo. De ir na praça pública e falar com as pessoas. É isso que importa para o futuro que vai vir, para as batalhas que a gente vai ter”, afirmou.

Após a derrota, Boulos discursou para apoiadores que o aguardavam na Casa de Portugal, no bairro da Liberdade, Centro de São Paulo, por volta das 19h30, ao lado da vice de chapa Marta Suplicy (PT).

No discurso, o psolista afirmou que o resultado para os partidos de oposição foi adverso em várias capitais do Brasil e pediu empenho da militância para o que chama de "batalhas futuras", fazendo referência indireta à eleição presidencial de 2026.

"A nossa luta não começou hoje e não acaba aqui. Eu tenho muita confiança que apesar de um resultado eleitoral adverso não só aqui em São Paulo, em todo o Brasil, que o futuro vai ser nosso eu tenho muita confiança pelos exemplos, inclusive que a gente deu nessa campanha", declarou.

Boulos também agradeceu os apoios que teve ao longo da campanha, especialmente dos adversários do 1° turno, os candidatos José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB), e do vice-presidente Geraldo Alckmin, também do PSB.

Ele afirmou que foi vítima de vários crimes eleitorais ao longo do 1° e 2° turnos dessas eleições.

"Obrigado, gente! Olha eu não vou falar aqui das mentiras e dos ataques que definiram essa eleição. Eu não vou falar aqui do crime eleitoral cometido pelo governador de São Paulo hoje. Disso, a Justiça que cuide. Eu não vou. Eu não vou fazer aqui um discurso de perdedor porque a gente perdeu uma eleição. Mas nessa campanha a gente recuperou a dignidade da esquerda brasileira. A gente mostrou que é possível fazer política de outro jeito. Olho no olho, debatendo com povo de peito aberto nas praças nas ruas com muita dignidade, a gente mostrou o caminho que nos espera no futuro que é de conversar de corpo e alma com as angústias do nosso povo, foi isso que a gente fez nessa campanha", declarou.

 

Resultado do 2° turno

Fechadas as urnas neste 2° turno, Ricardo Nunes (MDB) foi reeleito neste domingo (27) prefeito de São Paulo com 59,56% dos votos válidos, derrotando o candidato do PSOL.

O resultado saiu às 18h43 com 89,78% das urnas apuradas. Boulos teve 40,43% dos votos válidos. Os adversários tiveram cerca de 1 milhão de votos de diferença.

Ele toma posse para o novo mandato em 1º de janeiro de 2025, e terá como vice o Coronel Mello Araújo (PL), indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A vitória do emedebista ocorreu em meio a maior abstenção da história da cidade de São Paulo em um segundo turno: mais de 31% dos eleitores não compareceram às urnas neste domingo (27).

Em seu discurso de vitória, Nunes agradeceu a Deus, à família, ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem chamou de "líder maior", e afirmou que vai governar para todos e que o equilíbrio venceu o extremismo.

"Eu agradeço muito a Deus, agradeço à minha família. Queria deixar agradecimento especial a minha esposa regina (aclamada), que esteve sempre ao meu lado, em todos os momentos da minha vida e sofreu enormes maldades nessa campanha. E ao líder maior, sem o qual não teríamos ter tido essa vitória, govenador Tarcísio de Freitas", disse.

"Não é hora de olhar para trás, a hora da diferença passou, vamos governar para todos, porque todos merecem igual respeito por parte de quem governa, aos que acompanharam essa eleição histórica, a democracia deixou uma grande lição, para nós da cidade de São Paulo, o equilíbrio venceu todos os extremismos", completou.

Nunes também lembrou seu antecessor Bruno Covas (PSDB), morto em 2021.

O atual prefeito foi reeleito com amplo leque de alianças políticas, formando coligação que engloba doze partidos (PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Mobiliza, União Brasil).

O acordo garantiu o maior tempo de propaganda de TV no primeiro turno.

Em uma campanha marcada por ataques, agressões, e processos, Nunes ainda enfrentou neste domingo uma nova ação e uma queixa-crime de Boulos, após seu principal cabo eleitoral, o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmar que o PCC enviou supostos salves para que familiares de presos fossem orientados a votar no psolista. O TRE nunca recebeu relatório sobre essas supostas mensagens.

Fonte: g1 SP