A semana se encerrou em Brasília com o candidato à presidência da Câmara do Deputados Hugo Motta (Republicanos-PB) como amplo favorito para a vaga. Assim como o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) já é, há meses, favorito para presidir o Senado Federal.
Com costuras políticas desenhadas e menos obstáculos, Motta e Alcolumbre caminham para comandar o Legislativo pelos próximos dois anos. A três meses do pleito, ambos têm em comum o apoio dos atuais presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em suas respectivas Casas Legislativas.
Lira fez uma declaração pública em favor de Motta na terça-feira (29/10), enquanto Pacheco já sinalizava, desde a reeleição no comando do Senado, seu apoio a Alcolumbre, que o fez presidente em 2021.
Motta já conta com o apoio formal de oito dos 20 partidos da Câmara. Com exceção de União Brasil e PSD, que por enquanto mantém os respectivos candidatos, o deputado paraibano reúne o apoio de todas as maiores bancadas da Casa. As siglas que apoiam Motta são: PL, PT, PP, MDB, Republicanos, Podemos, PCdoB e PV. Ao todo, esses partidos somam 324 dos 513 deputados. A votação, no entanto, é secreta.
Apesar de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) manter a candidatura, o partido dele já decidiu apoiar Motta e espera que o parlamentar deixe a disputa nos próximos dias. A avaliação interna é que uma sigla com 59 deputados não pode ficar sem espaço de destaque na Câmara.
A eleição da Mesa Diretora considera o tamanho do bloco do candidato vitorioso, e os cargos são distribuídos conforme o número de parlamentares nas siglas. Na prática, quanto maior um partido, melhor o cargo que ele vai ocupar, caso o candidato que a legenda apoie vença o pleito. A campanha de Motta também observa a ordem de adesão ao candidato.
Esse foi um dos principais fatores que uniu o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao redor de Motta na última semana. O PL tem 92 deputados e, por ser a maior legenda da Casa, deve ficar com a vice-presidência.
Já o PT, com 68 deputados, segunda maior bancada, ficará com a primeira-secretaria, uma espécie de prefeitura da Câmara. Para apoio ao deputado da Paraíba, o partido também condicionou a indicação de um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), o que também foi acatado pelo candidato.
Alcolumbre, que já conta com o apoio de União Brasil, Republicanos, PP, PSB e PDT, recebeu nesta semana a anuência da segunda maior bancada da Casa: o PL, de Bolsonaro. O partido tem 14 senadores.
O Republicanos ainda não oficializou a decisão, mas, em entrevista ao Metrópoles em agosto, o líder do partido no Senado, Mecias de Jesus (RR), confirmou que a sigla daria apoio à eleição de Alcolumbre.
Bolsonaro foi ao Senado na última semana e defendeu publicamente o apoio a Alcolumbre, para que o partido não ficasse fora de cargos importantes na Casa. Foi o que ocorreu na última eleição, quando a sigla perdeu a disputa para Pacheco e ficou sem papel de destaque.
A ala mais bolsonarista do PL queria repetir 2023 e ter candidatura própria, principalmente por defender o andamento do impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Atualmente, o impedimento não tem apoio no Senado.
A ideia de ter candidatura própria, no entanto, foi vetada por Bolsonaro, em função da busca por mais visibilidade para a sigla.
Com o apoio do PL, Alcolumbre passa a ter cerca de 39 senadores ao seu lado, dois a menos do que precisa para se eleger presidente. São necessários, no mínimo, 41 votos.
A bancada do PT no Senado vai se reunir na próxima semana para fechar o apoio a Alcolumbre. Na avaliação dos petistas, não haverá resistência ao nome do senador, que tem acesso direto ao presidente Lula.
A formalização do apoio pode ser feita na próxima terça-feira (5/11). O partido tem nove senadores e, assim como na Câmara, deve se aliar ao mesmo candidato que está com o PL.
Metrópoles