A diretora responsável pelas áreas de Administração, Finanças e Pessoas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Sabrina Soares, pediu demissão do cargo após dois anos de atuação. Servidora de carreira do Governo do Distrito Federal e com passagem pelo Ministério da Saúde, ela formalizou sua saída por meio de uma carta contundente enviada ao ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, com cópia ao presidente da EBC, Jean Lima.
Datada de ontem (5), a carta aponta uma série de decisões tomadas nos anos de 2024 e 2025 – já sob comando da Secom por Sidônio – que, segundo Sabrina, tornaram insustentável sua permanência na estatal. Ela afirma que a EBC passou a ser tratada pelo governo federal como um “estorvo”, e que seus diretores têm lutado para manter as conquistas da empresa “ainda que sem aceno de apoio, mas com desconfiança permanente”.
O centro das críticas de Sabrina está na condução orçamentária da estatal. Ela relata ter feito reiteradas tentativas de ampliar o apoio financeiro à empresa, “sem qualquer respaldo da Secom”. Entre os gastos que considera excessivos, estão as transmissões da Série B do Campeonato Brasileiro — aquisição feita “apesar dos meus protestos e alertas”, segundo escreveu — e a compra de uma novela estrangeira.
A ex-diretora também aponta aumento de 50% nos custos com coberturas jornalísticas das viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista, atualmente em viagem à França, deve visitar o Canadá em breve, na que será sua 50ª viagem ao exterior desde o início do mandato. Sabrina destaca ainda que a criação da TV Brasil Internacional demandou contratação de profissionais terceirizados e investimentos em tecnologia.
Em tom de desabafo, ela encerra a carta afirmando que, diante do cenário de desvalorização institucional e da iminência de um colapso financeiro, opta por preservar sua reputação profissional:
“Percebendo que os problemas orçamentários se agravarão diante das agendas presidenciais cada vez mais frequentes e pelas urgências de manutenção das estruturas e equipamentos da empresa, e sabendo ainda que tenho profissionalmente muito a perder empenhando minha reputação profissional em um projeto que parte importante do governo não deseja que se desenvolva, peço a minha exoneração (...)”.A carta tem circulado internamente entre funcionários da EBC e gerado apreensão entre servidores quanto ao futuro da empresa pública de comunicação.
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Com informações de O Globo