Os brasileiros, em sua maioria — e isso pode ser interpretado também como os paraibanos ou os patoenses, trazendo para uma realidade mais próxima do nosso eixo social — têm demonstrado menor identificação com os partidos políticos, apesar de o país contar com siglas históricas. A identificação se dá muito mais com as lideranças do que com as legendas.
Embora tenhamos partidos tradicionais no Brasil, como o PDT, MDB, PT e PL, por exemplo, o percentual de eleitores que se identificam com essas legendas é bem menor que o percentual de votos alcançados por suas lideranças nas eleições, sejam elas gerais ou municipais. Isso indica que as eleições são, de fato, decididas quando o eleitor, desvinculado dos partidos, opta por votar no candidato com quem mais se identifica.
Um levantamento da empresa Paraná Pesquisas corrobora essa visão, ao apontar que 38,6% dos entrevistados responderam não se identificar com nenhum partido político, e outros 12,9% não souberam responder à questão. Isso significa que 51,5% do eleitorado consultado não tem qualquer identificação com sigla partidária.
Entre os partidos mencionados, 18,2% dos entrevistados citaram o PL, associado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto 18,1% apontaram o Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Lula. Isso mostra que apenas 36,3% estão engajados com as duas legendas que protagonizam o cenário político nacional. As demais siglas, como o MDB (5,6%), PSDB (1,7%), PSD (1,0%), PSOL (0,6%) e União Brasil (0,5%), somam juntos apenas 9,4%.
Digo sem medo de errar: o PL não passaria de um partido mediano, com índices baixos, sem Bolsonaro. Da mesma forma, o PT perderia grande parte de sua força sem Lula. O PSDB, por exemplo, teve seu prestígio nacional reduzido após a saída de suas principais lideranças — Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e José Serra — da linha de frente da política.
Vimos movimentos semelhantes na Paraíba com a saída de José Maranhão do antigo PMDB e de Cássio Cunha Lima do PSDB. Em Patos, o mesmo ocorreu com a mudança de Nabor Wanderley e seu grupo do PMDB para o Republicanos, e com Dinaldo, que deixou o PSDB. Tais movimentos refletem não apenas o declínio dessas legendas no cenário nacional, mas também fatores políticos locais.
Essa resposta do eleitorado tem um componente natural. Se fizermos uma breve análise histórica, veremos que alguns partidos se mantiveram protagonistas durante décadas, como o PT e o PSDB no cenário nacional, e o PMDB e o PSDB em níveis estadual e local. Outros surgiram de forma meteórica e desapareceram, como o PRN de Collor e o PSL de Bolsonaro em 2018 — legendas que se tornaram protagonistas por causa de líderes que carregaram consigo seus grupos políticos.
Nenhum partido se sustenta apenas com a presença de uma única liderança. No entanto, alguns se tornam politicamente dependentes de figuras com capital político acima da média. Por isso, é muito mais fácil para o eleitor se identificar com uma pessoa — alguém que ele pode ver, ouvir, conversar e por quem pode se sentir representado — do que com uma legenda, que possui apenas uma identidade jurídica e depende da difusão de uma ideologia que, na maioria das vezes, não existe ou, quando existe, é mal compreendida até por seus próprios seguidores.
Seja qual for a esfera, a tendência é que continuemos, agora e no futuro próximo, a ver partidos que se transformarão de nanicos em gigantes — ou o oposto — com a mesma velocidade com que o cenário político se altera a cada década ou a cada eleição. Novas estrelas continuarão a orbitar o céu da nossa democracia.