Em entrevista publicada neste domingo (6) pela Folha de S.Paulo, o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, classificou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) como “um imposto muito ruim” e alertou que seu aumento pode encarecer toda a cadeia produtiva, afetando especialmente os mais pobres.
“Não é verdade que [o IOF] seja um imposto para ricos. Essa tese não resiste a uma conta simples do aumento no custo para uma operação de crédito pequena”, afirmou Campos Neto, que assumiu recentemente o cargo de vice-presidente do Conselho de Administração e Chefe Global de Políticas Públicas do Nubank.
A declaração ocorre em meio a uma crise institucional envolvendo o aumento do IOF. Na última sexta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu os efeitos dos decretos do Executivo que aumentavam o imposto, bem como a decisão do Congresso que havia derrubado esses decretos. Moraes convocou uma audiência de conciliação entre os Poderes para o dia 15 de julho.
O governo federal justificou o aumento como uma medida de justiça tributária, com potencial de arrecadação de até R$ 20 bilhões em 2026. Já o Congresso argumenta que não aceitará novos impostos sem cortes de gastos públicos.
Especialistas e entidades do setor produtivo têm criticado duramente o aumento do IOF. Segundo análise do Money Times, a medida encarece o crédito, pressiona cadeias produtivas e pode elevar a inflação. O imposto passou a incidir sobre operações como antecipação de recebíveis, afetando diretamente micro e pequenas empresas, que já operam com margens apertadas.
“Com o crédito mais caro, o efeito se espalha por toda a cadeia: fornecedores repassam custos, grandes empresas perdem eficiência financeira e o consumidor final sente o impacto nos preços”, aponta a reportagem.
Campos Neto também comentou o cenário político da América Latina, afirmando que há uma onda mais à direita na região. Ele criticou o que chamou de “obsessão da esquerda com igualdade” e defendeu que o foco deveria ser na redução da pobreza.
“Acredito fortemente no axioma que diz que, quando o governo cresce, a liberdade da sociedade diminui”, declarou.
Apesar das declarações, Campos Neto negou qualquer intenção de se envolver em uma eventual candidatura presidencial e reforçou que agora atua no setor privado.
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Com informações divulgadas pela CNN Brasil e Folha de São Paulo