Política Tarifaço
Trump diz que pode conversar com Lula sobre tarifaço, mas “não agora”, e defende Bolsonaro: “homem honesto”
Em declaração a jornalistas, o presidente norte-americano indicou que há possibilidade de diálogo com o governo brasileiro, mas criticou abertamente a forma como Bolsonaro tem sido tratado no país.
11/07/2025 14h00 Atualizada há 1 hora
Por: Felipe Vilar Fonte: Patos Online com Metrópoles
Foto: Reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (11) que poderá conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as tarifas de 50% impostas às exportações brasileiras, mas “não agora”. Em declaração feita a jornalistas em Washington, o republicano voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “bom homem, honesto e duro negociador”.

A fala de Trump foi dada em resposta à correspondente Raquel Krähenbühl, da TV Globo. O presidente norte-americano indicou que há possibilidade de diálogo com o governo brasileiro, mas criticou abertamente a forma como Bolsonaro tem sido tratado no país.

“Talvez em algum momento eu fale com ele [Lula]. Agora, eu não vou. Eles estão tratando o presidente Bolsonaro de forma muito injusta. Ele é um bom homem. Eu o conheço bem. Eu negociei com ele. Ele era um negociador muito difícil. Eu não deveria gostar dele, porque ele era muito duro, mas também foi muito honesto. E eu conheço os honestos e conheço os corruptos”, declarou Trump.

Tarifas recordes contra o Brasil

A nova tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros foi anunciada por Trump na última quarta-feira (9), por meio de uma carta publicada em sua rede social, a Truth Social, e não via canais diplomáticos, o que foi criticado por Lula como um “desaforo”. As taxas passam a valer a partir de 1º de agosto e serão aplicadas de forma ampla, além das já existentes sobre setores como aço, alumínio e, agora, cobre.

A medida fez do Brasil o país mais afetado dentre os 22 alvos do novo pacote de tarifas comerciais dos EUA. Filipinas, por exemplo, foi taxada em 20%, enquanto nações como Laos e Mianmar receberam alíquotas de 40%. A decisão elevou a tensão diplomática entre os dois países e desencadeou reações do governo brasileiro, que estuda retaliações com base na Lei da Reciprocidade e na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Veja lista:

  1. Brasil: 50%
  2. Laos: 40%
  3. Myanmar: 40%
  4. Camboja: 36%
  5. Tailândia: 36%
  6. Bangladesh: 35%
  7. Sérvia: 35%
  8. Indonésia: 32%
  9. África do Sul: 30%
  10. Argélia: 30%
  11. Bósnia e Herzegovina: 30%
  12. Iraque: 30%
  13. Líbia: 30%
  14. Sri Lanka: 30%
  15. Brunei: 25%
  16. Cazaquistão: 25%
  17. Coreia do Sul: 25%
  18. Japão: 25%
  19. Malásia: 25%
  20. Moldávia: 25%
  21. Tunísia: 25%
  22. Filipinas: 20%

Crise política e discurso polarizado

O episódio também reacendeu o debate político interno no Brasil. Para aliados de Lula, o aumento das tarifas está relacionado à postura adotada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que nos EUA teria articulado discursos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo brasileiro. A esquerda passou a usar o episódio para reforçar a retórica de que a atuação da família Bolsonaro no exterior tem prejudicado o país.

Em contrapartida, aliados de Bolsonaro alegam que o tarifaço foi fruto do suposto “imobilismo” do governo Lula e do Ministério das Relações Exteriores, e que a iniciativa de Trump visa defender um aliado político e cobrar uma postura geopolítica do Brasil, especialmente após o país intensificar sua relação com o bloco Brics, o que incomodaria os interesses americanos.

Lula promete reagir

Em entrevista ao Jornal Nacional, Lula já havia avisado que o Brasil reagirá com firmeza, caso não haja diálogo. “O Brasil utilizará a Lei da Reciprocidade quando for necessário. Se não houver solução, vamos entrar com reciprocidade a partir de 1º de agosto”, afirmou. O presidente também mencionou a possibilidade de recorrer à OMC e buscar novos mercados.

A nova tensão com os Estados Unidos ocorre em um momento de instabilidade na política econômica internacional e pode se tornar um ponto central do debate político e diplomático entre as duas nações nas próximas semanas.

Por Patos Online
Com informações do Metrópoles