Durante pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal de Patos, a presidente do Conselho da Mulher, Samara Oliveira, fez um apelo contundente às autoridades para que sejam efetivadas políticas públicas de enfrentamento ao feminicídio e ao atendimento de mulheres vítimas de violência.
Samara questionou a destinação e a falta de uso de verbas repassadas para a Secretaria de Mulheres do município. “Você passa aqui, nessa casa, verba para a Secretaria de Mulheres, que nunca é usada. O que de fato acontece? O que eu digo às mulheres quando preciso ajudá-las a tirar documentos, porque o agressor queimou todos? Muitas vezes coloco minha vida e a delas em risco para garantir isso”, afirmou.
A presidente também criticou a ausência de assistência psicológica a crianças que presenciaram o assassinato de suas mães, relatando casos de vítimas que permanecem desamparadas. “O assassino matou na frente da criança e ela está até hoje sem atendimento psicológico”, denunciou.
Outro ponto levantado foi o atendimento considerado insensível na Delegacia da Mulher. Segundo Samara, há vítimas que têm medo não apenas do agressor, mas até de denunciar dentro da própria delegacia, por receio de serem tratadas de forma indiferente ou terem sua palavra colocada em dúvida. “Um local que é para acolher e ouvir a vítima não pode agir dessa forma. Quem deve julgar é o Poder Judiciário”, destacou.
Samara ressaltou ainda que Patos lidera o ranking nacional do Ministério das Mulheres na realização de conferências livres, fruto do trabalho do Conselho da Mulher e da sociedade civil organizada. Até o momento, já foram 12 conferências, ouvindo cerca de 600 mulheres, restando ainda três encontros.
Encerrando sua fala, a presidente fez um apelo para que o “Agosto Lilás” vá além das campanhas simbólicas e se transforme em ações concretas. “Antes de achar a beleza no agosto lilás, precisamos sentir a dor do outro. Que possamos trabalhar para que não haja mais mulheres mortas. Ano passado foram três. Hoje, são números, mas por trás de cada número há uma vida”, concluiu.
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