Durante participação no programa apresentado por Wânia Nóbrega, na Rádio Espinharas, o psicanalista Cláudio de Sousa refletiu sobre situações comuns enfrentadas em sessões de terapia e os tabus que ainda cercam a busca por ajuda psicológica.
Segundo o especialista, é comum que alguns pacientes cheguem a afirmar que não têm nada a dizer e até cogitem faltar à sessão por esse motivo. Entretanto, ele ressalta que o silêncio, muitas vezes, é apenas uma forma de resistência:
“Quando rompemos essa bolha, essa resistência, é como se fosse uma represa que se abre. A partir daí, vêm à tona lembranças, sonhos, emoções e até lágrimas. Ao final, muitos reconhecem que tinham muito mais a expressar do que imaginavam”, afirmou Cláudio.
O psicanalista destacou ainda que o ato de falar é fundamental, pois permite dar vazão às angústias e movimentar a consciência em direção à simbolização do que está sendo vivido. Ele criticou a visão de que procurar ajuda terapêutica é sinal de fraqueza:
“Na verdade, é um gesto de coragem. É colocar as cartas na mesa, expor a vulnerabilidade e, a partir disso, compreender melhor quem somos de verdade”, explicou.
Cláudio também mencionou conceitos técnicos da Psicanálise, como o “Ideal de Eu” e o “Ideal do Ego”, ressaltando que pressões externas e internas acabam influenciando a forma como os indivíduos se percebem e se comportam. Muitas vezes, segundo ele, as pessoas se moldam para caber em grupos ou atender expectativas, afastando-se da própria essência.
Outro ponto abordado foi a sublimação, processo em que a dor e a angústia são redirecionadas para atividades criativas, intelectuais ou espirituais:
“Quando descansamos através da criatividade, de uma atividade intelectual, do exercício físico ou da espiritualidade, estamos sublimando a angústia. É uma forma de transformar a energia que nos causa sofrimento em algo construtivo”, destacou.
Para o psicanalista, compreender e aplicar esse mecanismo é essencial para enfrentar momentos de dor, já que, no “olho do furacão”, muitas vezes a única coisa que a pessoa enxerga é a própria angústia.