O incêndio florestal que atingia a Serra do Cruzeiro, em São José do Bonfim, no Sertão paraibano, desde o último sábado (13), foi controlado nesta sexta-feira (19) pela força-tarefa que reúne Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e órgãos ambientais. Apesar do controle das chamas, as equipes permanecerão no local até o próximo domingo (21), em caráter preventivo, para conter possíveis novos focos, segundo o comandante do 4º BBM, TC Danilo Galvão.
Ao longo dos sete dias de incêndio, cerca de 40% da vegetação nativa foi consumida, o equivalente a 160 hectares dos 400 que compõem a serra. Animais de pequeno porte também foram encontrados mortos em decorrência do fogo.
“Não temos nenhum foco de incêndio. Conseguimos combater todos os pontos até a manhã de hoje. À tarde, surgiu um novo foco, mas conseguimos controlá-lo com o apoio do helicóptero Acauã. Fizemos um sobrevoo em toda a área e constatamos que não há fogo ou fumaça neste momento”, explicou o comandante do 4º BBM, TC Danilo Galvão.
O bombeiro destacou ainda que a operação só será encerrada após o monitoramento contínuo até o domingo.
“Existe sempre a possibilidade de o fogo retornar. Vamos permanecer aqui, realizando varreduras na área e monitorando qualquer sinal de fumaça. Se até domingo não houver novos focos, encerraremos oficialmente a operação”, acrescentou.
De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade da Paraíba (Semas-PB), a operação contou com mais de 100 profissionais, entre eles 70 bombeiros militares, 37 reforços enviados na sexta-feira e nove policiais militares.
O combate também foi apoiado por um caminhão com capacidade para 12 mil litros de água, sete caminhonetes, dois quadriciclos, um veículo UTV, dois drones de monitoramento, 39 mochilas com água, sete esguichos adicionais e seis sopradores.
O helicóptero Acauã 2 foi fundamental no combate aéreo, despejando grandes volumes de água em áreas de difícil acesso. Além disso, está sendo utilizado monitoramento via satélite do governo federal para identificar pontos de calor e orientar as equipes em campo.
O incêndio atinge uma área de Caatinga, bioma predominante na região e bastante vulnerável a queimadas durante o período de estiagem. Especialistas alertam que, mesmo após o fim das chamas, os impactos ambientais podem se prolongar, prejudicando a fauna local e retardando a recuperação da vegetação nativa, que integra o Parque Nacional da Serra do Teixeira, uma área de preservação ambiental.
Na manhã de quarta-feira (17), o delegado Claudinor Lúcio, responsável pela Delegacia de São José do Bonfim, confirmou que o incêndio é resultado de ação criminosa. Segundo ele, o fogo teria sido provocado por caçadores, prática comum na região.
“Não foi uma pessoa só. Pelo que levantamos até agora, são várias pessoas envolvidas nesses focos de incêndio, provavelmente ligadas à caça de animais”, afirmou o delegado. Duas pessoas já foram ouvidas na investigação. Nesta sexta-feira (19), o MPPB protocolou uma representação judicial para a quebra de dados de geolocalização de celulares, medida considerada essencial pelo procurador-geral de Justiça, Leonardo Quintans Coutinho, para identificar os responsáveis e compreender o contexto da prática criminosa.
A força-tarefa, além da Polícia Civil, MPPB, e do Corpo de Bombeiros, conta com a participação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Por Patos Online