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Barragem da Farinha atinge apenas 5% da capacidade e já opera em volume morto
Em contato com o Patos Online, o gerente regional da Cagepa, Jônatas Raulino, confirmou que o manancial já opera em volume morto, o que torna o processo de tratamento da água mais difícil.
08/10/2025 09h00 Atualizada há 2 meses
Por: Felipe Vilar Fonte: Patos Online
Foto: reprodução

A Barragem da Farinha, um dos principais mananciais responsáveis pelo abastecimento de água da cidade de Patos, no Sertão da Paraíba, encontra-se em situação crítica. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (7) pela Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (AESA), o reservatório está com apenas 1.355.680 metros cúbicos de água, o que representa 5,27% da sua capacidade total de 25.738.500 m³.

Em contato com o Patos Online, o gerente regional da Cagepa, Jônatas Raulino, confirmou que o manancial já opera em volume morto, o que torna o processo de tratamento da água mais difícil.

“Teoricamente, já estaríamos, pois está abaixo dos 10%. No caso, já é considerado volume morto, porque estamos tendo dificuldade em tratar a água da Farinha devido ao aumento de material orgânico, baixa oxigenação e maior turbidez. Popularmente, é aquele aspecto esverdeado”, explicou.

Questionado sobre até que ponto a água pode continuar sendo captada, o gerente acrescentou:

“Vai depender do nível de qualidade, mas geralmente até 1% a gente ainda estará captando.”

Jônatas Raulino destacou ainda que, devido ao cenário, desde o final do período chuvoso tem sido realizado o racionamento de água da Barragem da Farinha, com o objetivo de preservar o reservatório da Farinha para situações emergenciais.

"Estamos realizando o racionamento da água da Barragem da Farinha desde o término do período chuvoso. Atualmente, captamos apenas o volume complementar necessário, considerando a água proveniente dos sistemas de Coremas, Jatobá e Capoeira. Essa medida tem o objetivo de preservar o reservatório da Farinha para situações emergenciais, como eventuais vazamentos na adutora Coremas–Sabugi. 

A Barragem da Farinha é o manancial que abastece Patos que se encontra em condição mais crítica de volume. Por essa razão, estamos restringindo sua captação e ampliando a vazão da adutora Coremas–Sabugi, garantindo o atendimento à demanda da cidade. Vale ressaltar que a evaporação também contribui significativamente para a redução do volume armazenado, especialmente em mananciais como o da Farinha, que possui um espelho d’água extenso."

Além da Barragem da Farinha, os outros mananciais citados e que compõem o sistema de abastecimento da cidade também estão em situação preocupante. O Açude do Jatobá, segundo maior reservatório da cidade Patos, está atualmente com 3.166.050 m³, o equivalente a 18,08% de sua capacidade total de 17.516.000 m³.

Já a Barragem Capoeira, localizada em Santa Terezinha, que também fornece água para Patos, São José do Bonfim e Santa Terezinha, apresenta 4.574.250 m³, ou 8,56% da sua capacidade, aproximando-se igualmente do volume morto.

Com os baixos volumes registrados, Patos deverá depender majoritariamente do sistema adutor Coremas–Sabugi, que transporta água do Complexo Coremas–Mãe d’Água. O conjunto de reservatórios encerrou o mês de setembro com 448.709.840 m³ de água, o que corresponde a 34,80% da capacidade total de 1.289.162.193 m³.

A situação reforça o alerta para o risco de colapso no abastecimento local, com a perspectiva da não ocorrência de chuvas significativas nos próximos meses. 

Por Felipe Vilar - Patos Online