Conhecido por ser uma terra seca, com altas temperaturas principalmente no verão e ventos fortes, o Sertão da Paraíba tem se tornado uma região propícia para o avanço das queimadas, impulsionado por fatores como a seca e a baixa umidade do ar. Somente no segundo semestre deste ano, três incêndios de grandes proporções aconteceram na região sertaneja, e devastaram parte da mata nativa.
O incêndio mais recente aconteceu na semana passada e devastou uma área de vegetação no Parque Nacional da Serra do Teixeira, próximo a cidade de São José do Bonfim, no Sertão da Paraíba.
A Serra do Teixeira se tornou uma área de conservação em 2023, e abrange uma área de cerca de 61.095 hectares de caatinga, envolvendo 12 municípios com preservação da biodiversidade e promoção de turismo. Parte dessa área foi destruída pelo fogo.
No mês de setembro, um incêndio florestal de grandes proporções, na Serra do Cruzeiro, na cidade de São José do Bonfim , também no Sertão da Paraíba, durou quase 10 dias e consumiu cerca de 40% da vegetação nativa no local. O Corpo de Bombeiros montou uma grande operação para conter as chamas.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, mais de 400 hectares foram consumidos pelo fogo, o equivalente a 160 hectares em vegetação. Animais de pequeno porte foram encontrados mortos por conta do fogo.
Já no mês de outubro, outro incêndio de grandes proporções que causou danos ao meio ambiente, atingiu a unidade de conservação do Monumento Natural Vale dos Dinossauros em Sousa, no Sertão do Estado. Com isso, as atividades foram suspensas por dois dias.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, ventos fortes podem ter colaborado para que as chamas se espalhassem. Segundo o tenente Rafael Freire do Corpo de Bombeiros, o fogo veio da cidade de Sousa em direção a Uiraúna, tendo sido favorecido pela quantidade de ventos no local.
O Vale dos Dinossauros é um dos principais patrimônios naturais e turísticos da Paraíba, abrigando pegadas fossilizadas com mais de 80 milhões de anos.
As queimadas têm crescido de forma significativa na Paraíba. No ano passado, o Estado registrou 2.837 queimadas, de acordo com informações do Corpo de Bombeiros. A região de Patos se destaca com o maior número de ocorrências no período, com 1.188 casos, seguida pela Região Metropolitana de Campina Grande (926) e pela Região Metropolitana de João Pessoa (723).
Na Paraíba, nos últimos 10 anos, entre 2013 e 2024, o acúmulo da área queimada apresentou um aumento superior a 26%. De acordo com os dados do MapBiomas – uma rede colaborativa formada por ONGs, universidades e startups de tecnologia – a área queimada acumulada na Paraíba em 2023 era de 516 mil hectares, localizados principalmente no Sertão do estado.
Segundo o MapBiomas, houve um aumento significativo nas queimadas na Paraíba, especialmente no Sertão, com um crescimento de 110% entre 2024 e 2025.
Na Paraíba, o bioma caatinga ocupa cerca de 90% do território, o que mostra a importância de conhecer e valorizar as diferentes características dessa vegetação. No Nordeste, a Paraíba e o Rio Grande do Norte foram os estados que mais apresentaram aumentos expressivos na área de vegetação suprimida, um crescimento que representa mais de 100%, segundo relatório referente a 2023.
Segundo os ambientalistas, as queimadas também influenciam na perda do bioma, e historicamente, tem transformado a caatinga, de um bioma florestal, para um bioma arbustivo e cada vez mais degradado.
A recomendação do Corpo de Bombeiros é manter limpos terrenos baldios, sem deixar acumularem folhas secas, galhos ou lixo, que servem como combustível para o fogo. O processo de limpeza, no entanto, deve ser realizado sem o uso de chamas. Acender fogueiras, soltar fogos de artifício e utilizar explosivos próximos a áreas de vegetação são práticas que também devem ser evitadas, pois aumentam significativamente o risco de incêndios e podem causar danos irreparáveis ao meio ambiente.
Severino Lopes - PB Agora