Durante participação no Jornal Espinharas Notícias, da Rádio Espinharas FM, na última semana, o educador físico, psicólogo e advogado Deusimar Guedes — especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa e ex-agente especial da Polícia Federal — fez uma análise contundente sobre os desafios enfrentados pelo Brasil no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas.
Segundo o especialista, a impunidade e a fragilidade da legislação penal estão entre os principais fatores que favorecem o avanço das organizações criminosas.
“O maior estímulo à criminalidade é exatamente a impunidade. Embora existam leis com penas até altas, na prática, elas terminam não acontecendo”, afirmou.
Deusimar Guedes também apontou a falta de integração entre os órgãos de segurança pública e o sistema de justiça como um dos maiores obstáculos no enfrentamento do crime.
“Há uma desintegração muito grande entre as polícias — Federal, Rodoviária Federal, Militar e Civil — e também entre essas instituições, o Ministério Público e o Poder Judiciário. Essa falta de sintonia dificulta o trabalho e favorece o criminoso”, observou.
O ex-agente da PF ressaltou ainda que o Judiciário, muitas vezes, adota uma postura leniente, interpretando o criminoso como vítima da sociedade, o que, segundo ele, enfraquece o efeito pedagógico das penas.
“Enquanto o Judiciário continuar enxergando o criminoso como vítima, as punições continuarão brandas e o crime continuará compensando”, alertou.
Outro ponto destacado foi o controle exercido pelas facções criminosas dentro dos presídios brasileiros, o que, na avaliação de Deusimar, evidencia a fragilidade do sistema penitenciário nacional.
“Hoje, os presídios estão nas mãos do crime organizado. Eles se locupletam lá dentro, e as duas funções do cárcere — isolar o preso e impedir a atividade criminosa — não estão sendo cumpridas”, lamentou.
Para ele, o caminho para enfrentar o problema passa por reformas profundas, que incluem o endurecimento da legislação, melhor integração entre os órgãos de segurança e justiça e o combate direto às fontes financeiras e ao tráfico de armas das facções.
“Ou o Estado isola o preso de forma efetiva e atinge o lado financeiro do crime, ou continuará enxugando gelo”, concluiu.
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Por Patos Online