A poucos horas do primeiro dia de provas do Enem 2025, que começa neste domingo (9), a professora Sandra Geane, do Colégio FERA, em Patos, explicou a importância da contextualização histórica e cultural na interpretação das questões de Literatura. A análise foi feita durante entrevista ao PodPatos, o podcast do Patos Online, neste sábado (8).

Segundo a docente, a prova de Linguagens exige muito mais do que apenas ler os clássicos da literatura: requer compreender o contexto social, político e cultural em que cada obra foi produzida.

“Não adianta só ler Machado de Assis. É preciso compreender a genialidade da escrita dele e como aquela produção está inserida na sua época”, afirmou.

Sandra destacou que o Enem trabalha com temas contemporâneos e interdisciplinares, cobrando do estudante uma verdadeira “leitura de mundo”. Para ela, esse é o diferencial que ajuda o candidato a interpretar corretamente o propósito de cada texto.

Contexto histórico é chave para interpretar autores cobrados no Enem

A professora explicou que autores como Machado de Assis, Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade são recorrentes na prova e que entender o período histórico de cada um é fundamental:

• Machado de Assis (Realismo):
  Produzia críticas sociais inseridas na estrutura da sociedade do século XIX.
  “Como era a economia? A política? O cotidiano daquela época? Isso influencia toda a escrita dele”, observou Sandra.
• Clarice Lispector (Pós-45 / Existencialismo):
  Contexto de pós-guerra, com foco na interioridade humana e no psicológico.
  “Precisamos entender como ficou o mundo depois de 1945 para compreender Clarice”, explicou.
• Drummond (Modernismo):
  Criou poesias do cotidiano, mas com crítica e observação de uma realidade específica.
  “Que cotidiano era esse? O mundo também estava mudando”, disse.

Sandra reforça que o Enem cobra justamente essa conexão entre literatura e contexto histórico, e que muitas questões aparecem até em outras disciplinas.

“Tem trechos literários que caem em provas de Sociologia. O Enem pede que o aluno contextualize historicamente. Não dá para comparar uma obra do século XIX com a sociedade atual.”

Leitura, interpretação e competências

Para a professora, o ponto central é que o estudante compreenda que a prova não exige decoreba, e sim capacidade de relacionar texto, contexto e competências cobradas pelo exame.

“Não é ler a obra. É compreender a obra de acordo com as habilidades do Enem. A sociedade muda, o mundo muda — e o Enem cobra essas mudanças.”

O primeiro dia do Enem acontece neste domingo (9), com as provas de Linguagens, Ciências Humanas e Redação. Os portões serão abertos às 12h, com fechamento às 13h (horário de Brasília). As provas começam às 13h30 e se encerram às 19h.

Assista a entrevista na íntegra:

Por Felipe Vilar - Patos Online