A abordagem do tema “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, explorado na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), trouxe uma reflexão importante sobre o envelhecimento da população brasileira, uma vez que estamos em constante transformação.
De acordo com o Estatuto da Pessoa Idosa (Lei nº 10.741/2003) e a Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842/1994), considera-se pessoa idosa aquela com 60 anos ou mais de idade, embora já existam estudos que propõem elevar esse limite para 65 anos, em razão do aumento da expectativa de vida do brasileiro.
A estatística mais recente do IBGE aponta um crescimento de 172,5% na população acima de 65 anos — ou 43,12% a cada censo demográfico — considerando os resultados obtidos em 1980, 1991, 2000, 2010 e 2022. Essa realidade está diretamente relacionada à redução do número de membros das famílias brasileiras, que eram formadas, em média, por 4,8 moradores por domicílio em 1970; 4,41 em 1980; 3,76 em 2000; 3,30 em 2010; e 2,79 em 2022.
Se dividirmos a população brasileira em três grandes eixos etários, temos 42,06% nas faixas etárias mais jovens, formadas por pessoas de 0 a 29 anos; 42,11% entre 30 e 59 anos; e 15,83% com 60 anos ou mais. Esses dados demonstram que estamos em um processo de envelhecimento populacional, com consequente redução do número de pessoas economicamente ativas.
Ainda segundo o IBGE, o Brasil deverá registrar crescimento populacional até 2041, quando alcançará uma população estimada em 229,4 milhões de habitantes, com maioria de idosos. A partir de 2042, o país entrará em um processo de redução populacional, podendo chegar a menos de 200 milhões de habitantes em 2070.
Até lá, enfrentaremos grandes desafios — como cuidar de uma população envelhecida, manter a sustentabilidade do sistema previdenciário diante do aumento de benefícios a pagar e lidar com os impactos econômicos de uma força de trabalho reduzida, responsável por sustentar a engrenagem social do país.
O fato é que, embora ainda não sejamos, em poucos anos teremos, pela primeira vez na história, uma sociedade majoritariamente formada por pessoas idosas. Essa nova realidade exigirá adequações na vida social e nas estruturas de serviços do país, marcando um ponto de transformação significativo em nossa história.