Durante a Santa Missa do último domingo (16), na Catedral de Nossa Senhora da Guia, o bispo diocesano de Patos, Dom Eraldo Bispo da Silva, dedicou parte da homilia a uma catequese especial sobre o documento Mater Populi Fidelis (Mãe do Povo Fiel de Deus), recentemente publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé (DDF) e aprovado pelo Papa Leão XIV em 7 de outubro.
O texto, divulgado pelo DDF no dia 4 de novembro, é uma Nota Doutrinal que trata de vários títulos atribuídos a Maria e busca esclarecer o lugar da Virgem na obra da salvação. Entre os pontos centrais, o documento afirma que o título “Corredentora” é considerado sempre inoportuno, por poder obscurecer a mediação única e exclusiva de Jesus Cristo, e adverte para o uso inadequado do título “Medianeira” quando ele é entendido em sentido que possa concorrer com Cristo, único Mediador entre Deus e os homens.
Na catequese dirigida aos fiéis, Dom Eraldo explicou que a orientação do Papa e do Dicastério não diminui, em nada, a devoção a Nossa Senhora nem a grandeza de sua missão na história da salvação.
Segundo o bispo, o Santo Padre apenas recorda a forma mais adequada de os católicos se dirigirem à Virgem Maria:
“Nossa Senhora é o que nós sabemos: Mãe de Deus, Mãe do Verbo que é Jesus, a primeira discípula de Jesus, Mãe da Igreja. Nós somos filhos de Nossa Senhora”, reafirmou.
Ao comentar o trecho do documento que considera inadequado o título de “Corredentora”, Dom Eraldo explicou que a redenção é um ato único e exclusivo de Cristo:
“Nossa Senhora não é co-redentora da humanidade. A redenção é um feito único de Jesus Cristo, o Redentor dos homens, que na cruz se entregou. Jesus é o nosso Redentor. O papel de Maria é de colaboradora, serva: ‘fazei tudo o que Ele vos disser’”, ressaltou.
O bispo também destacou que o documento convida os fiéis a contemplar Maria, sobretudo, como Mãe do Povo Fiel, Mãe da Igreja e primeira discípula de Jesus, sem retirar nada da piedade mariana tradicional, mas purificando expressões que possam gerar confusão doutrinal ou dificuldades ecumênicas.
“Em nada disso há ofensa a Nossa Senhora”, frisou Dom Eraldo, lembrando que a própria Virgem viveu sempre como serva do Senhor e totalmente voltada para o seu Filho. “Nossa Senhora não quis para ela o título de co-redentora. Ela tem consciência de que é o seu Filho, Jesus, quem se entregou por toda a humanidade.”
O bispo assegurou que os fiéis podem permanecer serenos:
“Fiquem tranquilos e tranquilas. Continuemos nossa belíssima devoção a Nossa Senhora, Mãe de Jesus, Mãe da Igreja, nossa Mãe, discípula, servidora do Reino.”
Durante a explicação, Dom Eraldo também fez um apelo aos meios de comunicação e às redes sociais para que tratem do tema com responsabilidade, estudo e fé, evitando interpretações apressadas do documento.
“Os meios de comunicação, essas redes sociais, esses blogs da vida, estudem, leiam, reflitam, antes de jogar coisas no ar, sem conhecimento, sem aprofundamento”, pediu o bispo, alertando para o risco de confusão entre os fiéis.
Ele reforçou que não faz sentido imaginar que o Papa pudesse falar de modo equivocado sobre a Virgem Maria:
“Imaginem o Papa falar de modo errado da sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, jamais”, afirmou.
Ao final da catequese, em clima de profunda devoção, Dom Eraldo concluiu convidando os fiéis a renovarem sua confiança na intercessão da Virgem Maria, proclamando vivas à padroeira diocesana e a Jesus Cristo, Redentor da humanidade:
“Viva Nossa Senhora da Guia! Viva a Mãe de Deus e nossa! Viva Nossa Senhora, Serva do Senhor! E viva Jesus Cristo, Redentor da Humanidade!”, respondeu, sendo acompanhado pelo povo em coro.
Com a explicação, a Diocese de Patos se une à Igreja universal na recepção do documento Mater populi fidelis, reafirmando a fidelidade ao magistério da Igreja e, ao mesmo tempo, preservando a forte tradição de devoção mariana presente no Sertão paraibano.
Áudio - Higo de Figueiredo - Rádio Espinharas FM