A prolongada estiagem que atinge o Sertão em 2025 provocou um cenário crítico nos mananciais responsáveis pelo abastecimento de Patos. A equipe do Patos Online esteve, no último sábado (22), na Barragem da Farinha e constatou de perto os efeitos severos da seca. O reservatório, construído em 1975 e com capacidade para 25.738.500,00 m³, opera hoje com apenas 1,38% do volume total — considerado volume morto.
A paisagem é desoladora. A água restante apresenta coloração esverdeada e já está praticamente imprópria para o consumo humano. No leito exposto, carcaças de tilápias e outros peixes se acumulam, deixando evidente o impacto ambiental da estiagem e o cheiro forte que se espalha às margens da barragem. Animais silvestres e alguns pescadores têm aproveitado o pouco que resta, mas a escassez torna o trabalho praticamente inviável.
Além da falta de água, o rebaixamento do nível trouxe à tona outro problema: a ação humana. Com a exposição do fundo da barragem, lixo diverso tem aparecido — garrafas plásticas, restos de pano, materiais de borracha e até ossadas de animais, evidenciando anos de descarte irregular e assoreamento. Moradores e frequentadores levantam a possibilidade da limpeza e retirada dos sedimentos, questionando se este não seria o momento adequado para uma intervenção.
Canoas usadas pelos pescadores já estão paradas, impossibilitadas de navegar devido à baixa da água. Alguns pescadores relatam nunca ter visto situação semelhante.
“Hoje tá triste demais. Primeira vez que vejo a barragem desse jeito”, disse o pescador Roberto Ferreira. “A solução agora é pedir a Deus. Do jeito que tá, se não melhorar, a tendência é piorar.”
Belizário Canuto, outro pescador que depende do reservatório, fala com tristeza em ter que deixar o local e buscar um novo ambiente para pesca: “No momento, tá muito difícil. Aqui não tem mais condições. Se não chover logo, o jeito vai ser procurar outro canto pra sobreviver. Depois de cheio, ainda vai ter que colocar peixe de novo pra começar outro ciclo.”
O Patos Online também esteve no Açude do Jatobá, outro importante manancial da cidade. Com capacidade para 17 milhões de metros cúbicos, o reservatório está atualmente 13,15% do seu volume. A situação também preocupa, já que Patos vive um rodízio no abastecimento e depende diretamente desses dois reservatórios para suprir a demanda da população.
A seca de 2025 impõe desafios crescentes ao Sertão. Com reservatórios esvaziados, mortandade de peixes, perda de renda para pescadores e risco ao abastecimento urbano, a expectativa agora se volta para a chegada das chuvas e para possíveis ações das autoridades responsáveis pela gestão hídrica.
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Por Patos Online