Policial Réus
Hytalos Santos e marido viram réus por trabalho análogo à escravidão após ação do MPT
Justiça do Trabalho aceitou denúncia por investigação que indica que influenciador submetia menores a isolamento, exercia controle sobre a rotina deles e não remunerava as vítimas.
12/12/2025 17h50 Atualizada há 2 dias
Por: Felipe Vilar Fonte: g1 PB
Foto: Reprodução/TV Globo/Fantástico

A Justiça do Trabalho tornou réus o influenciador Hytalo Santos e o marido dele, Israel Vicente, conhecido como Euro, após denúncia do Ministério Público do Trabalho (MPT), por tráfico de pessoas para exploração sexual e trabalho em condições análogas à escravidão. A informação foi confirmada ao g1 pelo MPT.

O g1 entrou em contato com a defesa dos influenciadores, que informou que enviaria uma nota. Até a última atualização desta reportagem, o posicionamento não havia sido encaminhado.

A denúncia, que foi aceita, faz parte de outra investigação contra o influenciador, diferente da esfera criminal, na qual ele já responde por produzir conteúdos de exploração sexual envolvendo adolescentes.

Segundo o MPT, há indícios de que Hytalo Santos adotava práticas irregulares com os menores, principalmente ao levá-los para morar em sua residência e submetê-los a condições de trabalho.

O órgão aponta as seguintes condutas:

O MPT relata ainda que as adolescentes foram expostas de forma sexualizada nas redes sociais, participando de festas e frequentando locais incompatíveis com a idade, além da monetização das suas imagens. O órgão também aponta a realização de procedimentos estéticos voltados a potencializar o apelo sexual.

Sobre a hipótese de que houve consentimento de alguns menores de idade na produção dos vídeos de Hytalo Santos, assim como consentimento dos pais de alguns menores, o MPT apontou isso como sendo "irrelevante", pois os adolescentes não têm condições de reconhecer a violência sofrida e os pais estavam sujeitos aos benefícios do influenciador.

A pedido do MPT, a Justiça do Trabalho expediu ofícios para diversos órgãos de garantia do bem-estar de crianças e adolescentes para imediato fornecimento de assistência psicológica, médica e social.

Desde agosto, a Justiça do Trabalho da Paraíba determinou o bloqueio de veículos, empresas, bens e valores que podem alcançar até R$ 20 milhões pertencentes ao influenciador Hytalo Santos e ao marido, Israel Vicente.

Medidas cobradas pelo MPT

O Ministério Público do Trabalho solicitou à Justiça o pagamento de indenização e direitos morais coletivos, nas seguintes situações:

No caso das vítimas que ainda não atingiram a maioridade, o órgão solicitou que o montante da indenização individual seja depositado em caderneta de poupança especialmente aberta para esse fim, sendo que o dinheiro só pode ser movimentado após os menores fazerem 18 anos.

MPT cita responsabilidade dos pais dos menores

Segundo o MPT, pais e mães dos adolescentes também têm responsabilidade sobre as práticas atribuídas a Hytalo Santos e ao marido dele.

De acordo com o órgão, ao aceitarem benefícios materiais, como presentes e auxílio financeiro mensal, os responsáveis “entregaram seus filhos a terceiros de maneira claramente ilegal”. O Ministério Público também destacou que os pais:

No entanto, o MPT optou por não imputar aos genitores responsabilidade de caráter patrimonial/pecuniário na esfera da Justiça, mas afirmou que as condutas podem ser responsabilizadas formalmente na esfera criminal.

Apesar disso, foram requisitadas para a Justiça uma série de limitações para os pais imporem em relação aos menores de idade, como:

O texto do MPT também diz que caso essas recomendações, se aceitas pela Justiça, sejam descumpridas, os pais possam pagar multa.

Fonte: g1 PB