“Calma, Alysson!”. Narrador que viralizou em briga durante Souza x Treze fala do meme e pede paz

“Calma, Allison!”, “Calma, Canarinho!”. Provavelmente você ainda vai ouvir e ler isso muitas vezes na internet nos próximos anos. Afinal, o clamor desesperado do radialista e narrador esportivo Wellington Ferreira enquanto dois homens se engalfinham na cabine de transmissão durante o jogo Sousa x Treze pela final do Campeonato Paraibano, no dia 8 de abril, certamente será um dos principais memes de 2023.

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Aos 38 minutos do segundo tempo, Wellington Ferreira, conhecido como “Garotão”, narrava a partida decisiva no Estádio Antônio Mariz, o “Marizão”, na cidade de Sousa, a convite da Rádio Max FM Correio, quando de repente sentiu um forte esbarrão na sua cadeira. Ao olhar para trás, tamanho foi o susto do narrador ao perceber que o auxiliar administrativo Abel Sales de Sousa, que é irmão do prefeito da cidade, e o bioquímico Alysson Fortunato de Abrantes, que estava na cabine para comentar o jogo, estavam trocando socos enquanto um terceiro presente tentava apartar.

Para tentar evitar a repercussão negativa das imagens de violência, Wellington Ferreira afasta a câmera para outro lado enquanto pede desesperadamente – e em vão – que os envolvidos parem com a briga. Acontece que já era tarde demais. A transmissão era ao vivo e a rapidez oportunista da internet já havia transformado em meme as frases de Wellington pedindo calma. Para completar a repercussão, várias celebridades do futebol compartilharam as imagens nas suas redes sociais. Eis um novo meme nacional.

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Nesta entrevista exclusiva com o repórter Bruno Rafael, da TV Diário do Sertão, Wellington Ferreira mostra que seu lado pacifista é muito maior do que o desejo de viralizar nas redes, a qualquer custo, de uma grande parte dos profissionais de mídia. O narrador conta que o episódio, depois que passou, pode até ser divertido se for visto pela ótica do meme. Mas naquele momento a situação foi tensa, lamentável e não deveria repercutir tanto, por se tratar de cenas de violência. “Depois que passa fica engraçado, mas no momento são cenas que não deveríamos ter transmitido pelo YouTube”, falou Wellington.

Após as imagens ganharem as redes, Wellington viveu momentos de celebridade, sendo procurado por diversos profissionais da imprensa de vários estados para relatar o fato. “Eu não esperava a repercussão, e digo sem falsa modéstia: o domingo, a segunda-feira e até o meio dia da terça-feira foi exaustivo porque nós tínhamos que atender com muita educação, com muito carinho os colegas de imprensa da Paraíba, de São Paulo, do Maranhão e tratar todo mundo muito bem, explicar o que aconteceu, explicar que nosso amigo Dr. Alisson é uma pessoa muito gentil, muito doce”, conta ele .

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São muitos anos cobrindo jogos de futebol, não só na Paraíba, mas Wellington nunca havia vivenciado uma situação semelhante. A briga repentina também levanta uma velha discussão acerca da logística e da estrutura dos estádios, que é a presença de pessoas – geralmente em excesso – em setores onde só deveriam estar os profissionais cadastrados em atividade. O bioquímico Alysson Fortunato estava na cabine para comentar a partida. Outros, não.

“Aquilo foi uma infelicidade. Eu não posso atirar pedra nas pessoas, porque quem nessa vida não errou ou quem garante que nunca vai errar? Então, a gente tem que ter compreensão, serenidade. É um momento que passou”, pondera o narrador.

Frases do meme

Essa é a primeira vez que Wellington se torna personagem principal de um meme com alcance nacional – quem sabe mundial. Embora ainda se sinta desconfortável com essa exposição, ele sabe que suas frases durante a briga vão reverberar por muito tempo. A mais famosa? Wellington acha que é “Calma, Alliçu!” (escrita utilizada nos memes). Mas ele tem certeza que pronunciou o nome corretamente.

“Acho que a que marcou o meme foi a ‘Calma, Alliçu’. Eu acho que eu pronunciei ‘Calma, Alisson’. O que chamou a atenção do pessoal de fora foi a questão da narração do lance depois, porque eu ainda consegui narrar aquele lance e confesso que se eu não tivesse ficado tão nervoso eu teria narrado mais lances”.

Mensagem de paz

Wellington Ferreira, o “Garotão”, sonha com um mundo em que um dia o ser humano consiga evoluir pacificamente a partir da autorreflexão para que possa, enfim, conviver sem intolerância, preconceito e violência. Não parece ser uma utopia enquanto o mundo tiver pessoas como o próprio Wellington.

“É importante que cada um pare e pense por que as coisas são assim. O que é essa intolerância? O que é essa rivalidade? O que é fazer alguém derramar uma lágrima que pode gerar séculos de sofrimento? E buscarmos a simplicidade como último degrau da sabedoria pra gente alcançar o amor. Quando a sociedade alcançar esse estágio, nós iremos encontrar uma harmonia para as diferenças. Numa final, um vai ganhar e o outro vai perder. O perdedor parabeniza o vitorioso; o vitorioso agradece ao perdedor pela competição. Que nós sejamos cada dia melhores e sejamos, como disse Mahatma Gandhi, a mudança que nós queremos ver no mundo”.

Fonte: Diário Esportivo