Eduardo dos Santos Pereira, mentor da "Barbárie de Queimadas", teve a prisão mantida nesta quinta-feira (21) após audiência de custódia, realizada pela Justiça do Rio de Janeiro na Central de Audiência de Custódia de Benfica. Não houve decisão sobre a transferência de Eduardo para a Paraíba, isso vai acontecer em um outro momento.
O delegado Diego Beltrão, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco-PB), responsável pela prisão do criminoso na quarta-feira (19) em Rio das Ostras, afirmou que a Polícia do Rio de Janeiro informou que a transferência de Eduardo não foi apreciada durante a audiência de custódia. De acordo com o delegado, o tema deve ser submetido a vice-presidência do TJRJ, que tem competência para julgar a transferência.
Segundo o delegado, Eduardo chegou a passar mal durante a audiência e foi encaminhado a um hospital para atendimento médico.
O acusado vai permanecer preso no Presídio José Frederico Marques, mais conhecido como Presídio de Benfica, no Rio de Janeiro.
O criminoso fugiu da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes de João Pessoa, conhecida como PB1, no dia 17 de novembro de 2020. Eduardo trabalhava na cozinha e quando um policial penal esqueceu um molho de chaves no local onde o detento trabalhava, ele pegou as chaves, abriu o almoxarifado e saiu pela porta lateral do presídio.
A "Barbárie de Queimadas" aconteceu em 2012 quando cinco mulheres foram brutalmente estupradas durante uma festa de aniversário, por homens que elas consideravam serem seus amigos. Entre elas estavam Izabella Pajuçara e Michelle Domingos, mortas de forma violenta porque, durante os estupros, identificaram os agressores.
Eduardo foi condenado a 108 anos e dois meses de prisão. Ele foi considerado culpado por dois homicídios, formação de quadrilha, cárcere privado, corrupção de menores e porte ilegal de arma, além dos cinco estupros. Por estes crimes, ele foi condenado a 106 anos e 4 meses de reclusão. Além disso, ele recebeu uma pena de 1 ano e 10 meses de detenção pelo crime de lesão corporal de um dos adolescentes envolvidos no crime.
Os familiares de Izabelle Pajuçara e Michelle Domingos, vítimas que morreram na "Barbárie de Queimadas", solicitaram à Justiça da Paraíba, na quarta-feira (20), que Eduardo dos Santos seja transferido diretamente para um presídio federal. De acordo com a petição judicial, as famílias vivem assustadas e acreditam que ele tentará fugir novamente se for encaminhado para um presídio estadual.
?O lugar certo para custodiar Eduardo é um presídio federal, onde terá tratamento diferente do que teve (...) dificultará as possibilidades de uma nova fuga, ao tempo que confortará às famílias que, há tanto tempo, vivem com um sentimento de insegurança e angústia?, afirmou a defesa dos familiares das vítimas em petição.
Na quarta-feira (19), Isânia Monteiro, irmã de Izabella Pajuçara, uma das duas mulheres estupradas e mortas na cidade de Queimadas, no interior da Paraíba, celebrou a prisão do criminoso.
?Nesse momento, não só eu, mas todos os familiares de Izabella e Michelle, o sentimento é de alívio. Há três anos, no dia em que ele fugiu (do presídio), ficou a nossa inquietação até quando isso afetaria as nossas vidas. Agora, após a prisão, nós podemos pensar em um alívio, apesar da saudade, da dor, mas também um misto de sentimentos, que permanecem e acompanham as nossas vidas?, relatou.
Eduardo dos Santos Pereira estava escondido em uma casa alugada na cidade de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, antes de ser preso nesta terça-feira (19), após passar três anos foragido. Segundo a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO) da Polícia Civil da Paraíba, ele estava nesta casa há seis meses. A polícia divulgou imagens da casa e do momento da prisão.
De acordo com o delegado da Polícia Civil André Rabelo, em coletiva à imprensa, na terça-feira (19), o fugitivo estava morando em uma pequena casa e levava uma vida simples e reclusa, utilizando uma bicicleta como meio de transporte.
O delegado também destacou que Eduardo fugiu da Paraíba direto para a comunidade da Rocinha, no município do Rio de Janeiro, onde o pai dele mora e tem um bar. E onde ele morava antes de se mudar para Queimadas, no interior da Paraíba.
Foi revelado também na coletiva de imprensa que o criminoso estava em Rio das Ostras há aproximadamente seis meses. Anteriormente, ele estava em Macaé, onde teria vivido por cerca de um ano.
Ele vinha usando um documento falso, em nome de um idoso de 62 anos, e contou com a ajuda operacional e financeira de familiares e, por um período, de um grupo criminoso. Foi depois que a ajuda desse grupo criminoso findou, que a Polícia Civil da Paraíba teve mais facilidade em mapear o paradeiro do fugitivo.
Fonte: g1 PB
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