Na decisão mais difícil de sua longeva e bem-sucedida carreira política, Joe Biden deve optar nos próximos dias se joga ou não a toalha nas eleições americanas.
Eleito em 2020 com uma frente ampla sem precedentes entre os Democratas, Biden nunca foi o candidato sonhado ou construído pela base do partido, todavia, era o que mais conseguia dialogar com os independentes e a classe média num contexto permeado por crises econômica, sanitária e racial.
Após sua vitória, prometeu desenhar uma transição para uma nova geração. Sua tentativa de concorrer a um novo mandato frustrou eleitores e lideranças ansiosas por renovação na política.
A pressão de doadores, figuras históricas e lideranças carismáticas acentuaram nas últimas semanas a necessidade de uma opção por Kamala Harris, que tende a motivar os jovens, negros e latinos.
De todo modo, há o reconhecimento de que Biden realizou um bom governo com êxitos nas áreas da infraestrutura, legislação ambiental e geração de empregos.
O debate que os americanos empreendem hoje não é sobre a idoneidade ou competência técnica de Biden, visto pela maioria dos americanos como um homem decente e exímio negociador.
Na sociedade em rede, pautada pela celeridade das informações, as imagens de um homem que não consegue concatenar ideias ou construir um raciocínio lógico causam receio para os próximos quatro anos. Ainda mais levando em conta a complexidade do mundo atual, que vai desde guerras às mudanças climáticas.
Biden já tem o seu nome na história. Foi o mais jovem senador eleito e o Presidente mais velho a comandar os EUA. Sua força em tentar seguir adiante deve ser analisada à luz de sua história de vida, marcada por tragédias pessoais e resiliência em superá-las.
Ao abrir caminho para uma candidatura mais competitiva contra o favorito Trump, Biden ressignifica as peças do tabuleiro eleitoral. Mesmo não estando nas urnas, seu legado será elemento central na polarizada disputa que se avizinha.
Por Emilson Jr.
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