Nesta quinta-feira (24) a cidade de Patos, no Sertão da Paraíba, comemora 121 anos. A história da Capital do Sertão se entrelaça a partir de 1963 com a do Clássico Patoense, entre Nacional e Esporte de Patos, que alimenta rivalidade e divide a cidade de forma pacífica. Hoje, os torcedores e dirigentes dos dois clubes comemoram o retorno do duelo no Campeonato Paraibano de 2025, após cinco anos sem haver a disputa.
A última vez que Nacional e Esporte de Patos duelaram pela 1ª divisão do Paraibano foi em 2019, com vitória do Canário por 3 a 1. De lá para cá o Alviverde seguiu na elite, enquanto o Patinho Terror do Sertão atravessou momentos de crise.
O Alvirrubro foi rebaixado em 2019, desistiu da Segundona de 2021 e teve que retornar na 3ª divisão. O acesso da 3ª para a 2º divisão veio em 2022, e no ano passado o clube bateu na trave na tentativa de retorno à elite, caindo na semifinal para o Pombal. Este ano veio o alívio, com uma campanha invicta na divisão de acesso e o vice-campeonato da competição.
Foram cinco anos sem a realização do Clássico Patoense na elite do estadual. Agora, empolgados e com a rivalidade aflorada, torcedores e dirigentes vivem a expectativa para o duelo em 2025.
O confronto que separa, ao mesmo tempo reúne e proporciona boas histórias. Um detalhe bem peculiar é que os presidentes dos dois clubes, Thiago Cintra (Nacional de Patos) e Bruno Marlon (Esporte de Patos), são muito amigos.
"É muito gratificante esse momento. Estar à frente do clube, saindo da arquibancada e voltar a viver um clássico ao lado de um grande amigo como é o Thiago." — Bruno Marlon, presidente do Esporte de Patos.
Thiago Cintra é natural de Pernambuco, da cidade de Tacaimbó e começou sua relação com a cidade de Patos por causa de sua esposa, que é patoense. Na Morada do Sol ele abriu empresas e passou a colaborar com o Naça. Neste meio de caminho criou uma grande identidade com o clube e em meio à crise deste ano, onde ninguém queria assumir a diretoria, ele se prontificou.
— A família e minha esposa é toda de Patos, eu vim para cá há cinco anos, me tornei parceiro do Nacional e amigos me levaram para a arquibancada para torcer pelo Naça. Este ano o clube estava precisando que alguém lhe estendesse a mão e eu me prontifiquei. Meu objetivo é pôr o time em campo em 2025, para disputar bem o campeonato. Espero levar um pouco da minha experiência administrativa para o clube — disse Thiago.
Já Bruno Marlon é torcedor do Patinho Terror do Sertão desde criança. Ele herdou do pai a paixão pelo clube, mas também esse desejo de ajudar de forma mais incisiva, saindo das arquibancadas para ser presidente.
— Sempre fui torcedor de arquibancada. Viajava com a torcida para jogos fora de Patos, e meu pai sempre foi diretor do clube, colaborando como podia e como não podia para ajudar de alguma forma. Eu via isso no meu pai e tinha essa vontade de contribuir também. O pessoal acha que eu caí de paraquedas, mas eu já vinha me preparando para isso - disse Bruno.
Um fato curioso é que Thiago Cintra mesmo sendo o presidente do Nacional de Patos é um dos patrocinadores do Esporte, com uma de suas empresas.
— Eu gosto muito dessa parte social, eu me envolvo muito, não só aqui, mas também na minha região lá em Pernambuco. Eu vejo o futebol como um desafio, agora, com o administrador de um clube, percebo o quanto é desafiador. Eu via Bruno e os outros diretores sofrendo para conseguir apoio, então decidi colaborar. Sou sim parceiro do Esporte com minha empresa, também apoio o próprio Nacional, não só desses dois clubes, mas também do Pombal — explicou Thiago.
Quem sabe muito bem da importância do retorno do Clássico Patoense para a 1ª divisão de 2025 é Miguel Félix, que é de Patos, por muitos anos fez parte do quadro de árbitros da Federação Paraibana de Futebol (FPF-PB) e já comandou o apito de vários clássicos.
— A volta do clássico é reviver uma tradição. É sempre um dia de alegria e um ambiente muito pacifico. Eu já apitei vários clássicos do futebol paraibano, mas o patoense é diferenciado, muito por eu ser daqui, foi sempre uma emoção participar. Respeito os demais, mas a tradição do Sertão sempre foi Nacional e Esporte — afirmou Miguel.
Como vimos, o Clássico Patoense naturalmente separa, mas também reúne. Isso não é diferente nas famílias patoenses. Danillo, Diego e Laurindo são irmãos e estarão em arquibancadas diferentes no duelo do ano que vem. Danillo torce para o Esporte, enquanto Diego e Laurindo estão do lado do Naça.
— O Nacional sempre teve uma expressão maior que a do Esporte, então quando fomos ficando mais crescidos, vendo nossos amigos e vizinhos todos torcendo pelo Nacional, acabamos virando torcedores do Naça — disse Diego, o mais velho dos três irmãos.
"A influência do irmão mais velho contou, e como Diego falou antes, a expressão do Nacional é maior." — afirmou Laurindo, o mais novo dos irmãos.
— Nosso pai era esportista e eu segui os passos dele. Ao contrário do que eles falaram, nos anos 90 o Esporte tinha mais expressão que o Nacional. Eles dois foram influenciados por amizades e acabaram com esse desvio de personalidade — disse Danillo, o único torcedor do Patinho.
Apesar das provocações, o clima é sempre amistoso em casa. Algo que os três irmãos fazem questão é de passar o amor por Nacional e Esporte de Patos para os filhos e filhas. O retorno do clássico é motivo de festa na família.
— É sempre importante que os dois times de Patos estejam sempre na elite. Apesar de torcer pelo Nacional, fiquei muito feliz. Um dia de clássico é dia de casa cheia, é dia de festa, de muita felicidade. Ano que vem vai ser muito bom o campeonato, porque estamos os dois na elite e isso é muito importante — finalizou Diego.
No gramado do José Cavalcanti muitas histórias se passaram, e muitas outras ainda estão por vir. O retorno deste clássico engrandece não só o futebol da cidade, e que vença o melhor
Fonte: Izabel Rodrigues/ge PB
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