Um fato lamentável, ocorrido extracampo, desviou as atenções do Clássico Tradição entre Treze e Botafogo-PB, válido pela 6ª rodada do Campeonato Paraibano Unipê 2025. Acontece que Daniel Vieira, fotógrafo oficial do Galo, acusou Rafael Fernandes, preparador físico do Belo, de cometer o crime de injúria racial contra ele. A suposta agressão verbal teria acontecido durante um princípio de confusão envolvendo o mascote do Alvinegro do São José.
Aos 44 minutos do segundo tempo, quando o Treze vencia por 2 a 0, o mascote da equipe, conhecido como Galo Moral, provocou a torcida do Botafogo-PB. De imediato, jogadores e membros da comissão técnica partiram para cima da personagem. Em contrapartida, os membros do departamento de comunicação do Galo, incluindo Daniel Vieira, foram na tentativa de apartar a confusão. O suposto caso de injúria teria acontecido nesse momento.
De acordo com uma nota oficial divulgada pelo Treze poucas horas depois do clássico, Rafael Fernandes teria chamado Daniel Vieira de "macaco safado". Tanto o fotógrafo quanto uma pessoa que testemunhou o fato alegam ter ouvido a suposta ofensa do preparador físico. Com isso, após o fim do jogo, Daniel, acompanhado de sua testemunha, se dirigiram à Delegacia Central de Campina Grande para registrar um Boletim de Ocorrência.
Alguns membros da comissão do Botafogo-PB foram para cima do mascote. A gente tentou apartar e, na confusão, esse rapaz (Rafael) perguntou: "você é o que?", e eu disse: "amigo, a gente só veio apartar". Aí ele disse: "você é só um macaco..." e disse um palavrão — Daniel Vieira, fotógrafo do Treze.
Rafael Fernandes prestou depoimento acompanhado de Afonso Guedes, vice-presidente de futebol do Botafogo-PB, e de Paul Henry, atleta camaronês que foi vítima de injúria racial no começo do ano. Em contato com a jornalista Juliana Bandeira, a assessoria do Alvinegro da Estrela Vermelha afirmou que emitirá uma nota oficial sobre o caso. No entanto, até o fechamento desta matéria, o posicionamento do clube ainda não havia sido divulgado.
Poucas horas depois do fim do jogo, o Treze usou suas redes sociais para prestar apoio a Daniel e emitir uma nota oficial repudiando o suposto caso de injúria racial. No texto, o Galo da Borborema faz alusão à naturalidade de Rafael Fernandes, que é gaúcho, e cita que "quando as enchentes do ano passado no Rio Grande do Sul atingiram milhares de conterrâneos de Rafael, inclusive sua família, a onda de generosidade da torcida do Treze foi a maior da Paraíba. Mas cada um dá o que tem".
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Apesar de serem parecidas, as infrações de racismo e injúria racial possuem definições e penas distintas. O crime de injúria é registrado quando alguém é atacado de forma individual, tendo o agressor usado a cor da vítima para ofendê-la ou diminuí-la. Ao passo disso, o crime de racismo é registrado quando toda a coletividade de uma raça é atacada. Este último é tido como uma infração inafiançável e imprescritível.
Descrito no parágrafo 3º do artigo 140 do Código Penal vigente no Brasil, o crime de injúria ocorre quando a dignidade de alguém é atacada por meio de sua cor, raça, etnia, religião, origem ou pela condição de ser uma pessoa idosa ou deficiente. A punição varia entre o pagamento de uma multa e a reclusão de até um ano e três meses.
Fonte: ge PB
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