O legado de Tia Cira nos norteia. Por Jordan Bezerra

Quem acredita em Deus como cristão é sabedor que a morte é inevitável, pois estamos aqui na Terra de passagem, porque somos Filhos do Céu, como canta tão bem Padre Fábio de Melo, e é bíblico: "Nossa cidadania está no Céu, pois aguardando o encontro com o Salvador Jesus Cristo", Filipenses 3:20. Essa pequena introdução é para descrever com muita dor a páscoa, em 1º e agosto de 2025, da doutora Valdecira Lilioso de Lucena, aos 78 anos e 9 meses, mas também é para reconhecer nossa eterna gratidão a DEUS por ter nos presenteado com esse anjo bom aqui na terra.

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Nossa queridíssima tia Cira, ou seja, a Doutora Valdecira Lilioso de Lucena, filha de Maria de Lourdes Lucena e João Lilioso, irmã de Miguel Lilioso, José Lilioso (Zeca), Valdemisa (Misa) e João Lilioso Filho, natural de Patos, sertão da Paraíba. Se formou em medicina em Recife e especializou-se em São Paulo, portanto, uma médica gabaritada, com um currículo majestoso. A endocrinologista, professora da Faculdade de Ciências Médicas, Universidade do Pernambuco, em Recife,  sendo referência na medicina, sobretudo, residência médica de Pernambuco e do Brasil. Participando da equipe de José Serra, então ministro da saúde do país. Foi coordenadora do COREME, foi diretora do Cremepe, assim como também Conselheira do Secretário de saúde de Pernambuco, à época André Longo. Vale lembrar que doutora Valdecira foi agraciada com os títulos de Doutora Honoris Causa e recebeu a Medalha São Lucas, foram mais de 50 anos dedicados à medicina. 

Pelas centenas de homenagens, seja por mensagens nas redes sociais, de forma presencial, depoimentos belíssimos de autoridades, amigos e instituições expressando a grandiosidade da doutora Valdecira Lilioso. Todas essas demonstrações de afeto, respeito e carinho nos enche de orgulho, naturalmente, pois mostra a força e generosidade dessa sertaneja arretada, patoense, uma médica extraordinária.  O bacana de tudo isso é ver que o respeito e a admiração foram externados desde o ‘seu motorista’ e como também da Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, demostrando o quão grande foi o legado de minha tia Cira.

Queria pedir licença aos meus queridos leitores, amigos, e, sobretudo, à família da doutora Valdecira Lilioso para expressar algumas palavras de gratidão a DEUS e Tia Cira, representando seus sobrinhos. Em conversas com meus irmãos e primos eles nutrem a mesma opinião, afirmam de forma categoria, que nossa tia era diferenciada, uma grande benfeitora da família, um anjo bom, que tivemos a honra de conviver, por isso louvado seja DEUS que nos presenteou com tão grandioso presente. Vale destacar, que os demais sobrinhos da 2ª geração, também as cunhadas, primos, todos aferem esse mesmo sentimento de gratidão ao Senhor por ter colocado Tia Cira em nossas vidas.

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Tia Cira não teve filhos de sangue, pois dedicou sua vida à mãe, à medicina e, naturalmente, aos seus sobrinhos. Quem falasse mal dos seus sobrinhos estava em maus lençóis.... No entanto, teve muitos ‘filhos’ do coração, que são seus sobrinhos ao todo são 18, só de primeiro grau, e aqui preciso citá-los; João Neto, José Roberto (Beto), Jamerson, Jânio, Valdecira (Valdinha), Jordan, Jairo, Luciana, Francisco, Miguel Júnior, Helton Jonas, Maria de Lourdes, Rafael, Felipe, Manuela, Horacina, Lilian e Clarissa.

No quesito, amor e dedicação aos seus, Tia Cira foi imbatível. Generosidade era seu 'sobrenome', ‘Acolhimento' era sua essência, Aconselhamento era sua lição primeira. Uma característica marcante e admirável de Tia Cira era o acolhimento, pois é diferente de trata bem o outro. Acolhimento é empatia com o próximo, já tratar bem é educação. Uma mulher de atitude de resolver os ‘pepinos’ dos seus.

Um divisor de águas na minha vida e dos meus irmãos: 

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Eu e meus irmãos morávamos na Fazenda Loreto, no município de Santa Terezinha-PB. Era uma vida ‘dura’ cheia de obstáculo; trabalhávamos ajudando meu pai, Miguel Lilioso, na luta do gado e também roça e ainda tinha que percorrer 25km por dia de bicicleta para irmos estudar na cidade. Pois bem, apesar disso éramos felizes, porque tínhamos esse ANJO BOM para amenizar essa luta, todo final de ano, àquilo era sagrado, vozinha Lourdes vinha com um saco grande de presentes que ‘Mamãe Noel’, no caso, Tia Cira mandava. Aquele brinquedo que a gente tanto sonhava, a exemplo, um carro Maverick, um carro boiadeiro, uma bola e bonecas para meninas. Lembro-me com às lagrimas nos olhos da primeira camisa oficial do Corinthians que ganhei dela, um dia indescritível em minha vida. Ela especulava os gostos de cada um, chamo isso de empatia.

E, as férias em Recife eram um luxo só, aquilo era um bálsamo para todos nós, que vivia em rotina puxada. Um certo dia eu estava pastorando as vacas, no campo um pouco distante de casa, chega Jânio, meu irmão, chegou disse: “painho disse que você fosse pra casa, pois que vou ficar no seu lugar, você vai viajar para Recife mais Vozinha Lourdes e Valdinha, minha irmã’' Cara, aquele dia passei acreditar em DEUS muito mais, foi uma alegria surreal, fiquei pulando de contentamento. Já na Veneza Brasileira fazer a feira com a doutora no Supermercado Bom Preço era outro acontecimento, ela dizia, o que meu filho quiser ou precisar pode colocar no carrinho da feira. Pausa para lágrimas do escritor....

Essas histórias se repetiam também com meus irmãos. 

Reunião com a família ao redor da fogueira na Fazenda:

Pelo menos uma vez ao ano ela vinha nos alegrar com sua presença na Fazenda Nossa Senhora de Lourdes, no Carnaval ou Semana Santa, fazíamos uma fogueira grande e colocava as cadeiras e banco de madeira lá perto da fogueira e haja contar os ‘causos’ e novidades, eita, como era bom tê-la perto e com tempinho a mais para colocar o papo em dia , tudo isso apreciando uma mesa farda. A doutora era “barriga cheia”, como dizemos aqui no Sertão não era miserável.

Aconselhamento fundamental em minha vida:

Em uma conversar individual que tive com Tia Cira, eu contei que tinha sido aprovado no Concurso do IBGE e depois na Cagepa, ela disse maravilha, mas meu filho precisa ser um profissional, fazer um curso superior, foi então me dediquei e fiz o curso de jornalismo.

Gratidão ao legado deixado por Tia Cira:

Em nome da minha mãe, Maria do Socorro, que sempre diz Cira, a doutora não tem pareia ,mostrou raça, dos meus irmãos, meus tios, primos e meus sobrinhos, de modo especial a Pedro José, filho de Valdinha e Beto Lustosa, que nos últimos 6 anos foi uma companhia essencial para vida de Tia Cira, no qual ele chamava de Titivó. Queremos a agradecer grandemente a DEUS por ter nos dados esse ser de LUZ em nossas vidas, chamada Valdecira, Tia Cira, uma devota de Nossa Senhora da Guia, temente a DEUS. Por tudo isso, afirmamos que Tia Cira não morreu, pois seu legado sempre vai nos nortear. Apenas ela se mudou para o CÉU, onde participará do ‘Grande Banquete’ no Céu, como diz em Apocalipse 19,17. Lá vai encontrar seus pais; João Lilioso, Lourdes, seus irmãos Miguel e João e certamente grande será a festa. 

Eu, também sou catequista e, creio firmemente nessa afirmação da Bíblia que diz; “Quem der um copo de água fria, a um dos meus pequeninos, em verdade lhes digo que de modo nenhum perderá a sua recompensa Mateus 10;42.

Portanto, o céu é para os bons aos olhos de DEUS. Obrigado por tudo, Tia Cira e  descanse em paz!

Por Jordan Bezerra