João Pessoa registrou entre a quinta-feira (14) e o final da tarde de sexta-feira (15) o maior volume de chuva de 2025: quase 218 mm, em 24 horas Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), apontam que isso equivale a 75% do total normalmente registrado em agosto.
Somando os primeiros 15 dias do mês, já caíram 204,9 mm de chuva, ou seja, quase o dobro do esperado até agora. Essas chuvas causaram alagamentos em ruas, afetaram o trânsito, interromperam o transporte público e provocaram deslizamentos em alguns pontos da cidade.
A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Morgana Almeida, explicou que o recorde diário anterior deste ano foi de 122,2 mm, em 17 de maio. Historicamente, o maior registro para agosto foi de 191 mm, em 11 de agosto de 1970, e o maior total absoluto da série foi de 194 mm, em junho de 1986.
O secretário da Defesa Civil de João Pessoa, Kelson Chaves, disse que a intensidade da chuva surpreendeu a equipe.
“Essas chuvas chegaram de forma intempestiva. Nós tínhamos um alerta ontem que iria variar até 50 milímetros o dia. Essa chuva realmente nos pegou de surpresa. O INMET só veio emitir um terceiro aviso agora por volta das 5h32 da manhã. Nós estamos atentos”, afirmou.
Até às 7h30, a Defesa Civil havia registrado dois chamados por alagamento, nos bairros Roger e Bairro das Indústrias. “A Secretaria de Infra-Estrutura (Seinfra) e toda a rede de proteção e defesa acompanham a situação”, acrescentou Kelson.
O bairro Altiplano teve o maior volume, com 110 mm, seguido pelo Cuiá, com 88 mm.
Vermelho: possibilidade de chuva acima de 60 mm por hora ou mais de 100 mm no dia, com risco de alagamentos, transbordamento de rios e deslizamentos. Está em vigor até 23h59 desta sexta (15).
Laranja: chuva de 30 a 60 mm por hora ou 50 a 100 mm por dia, ventos fortes e risco de alagamentos. Válido até o final do dia.
Amarelo: perigo menor, com 20 a 30 mm por hora ou até 50 mm/dia, ventos entre 40 e 60 km/h. Vigente até sábado (16).
O Inmet orienta que a população evite se abrigar embaixo de árvores, não use aparelhos elétricos ligados à tomada e observe alterações em encostas.
Em caso de emergência, é possível acionar a Defesa Civil (199) ou os Bombeiros (193).
A parada de ônibus no local foi temporariamente desativada, e agentes da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP) orientam pedestres e motoristas.
A circulação de trens na capital também foi interrompida devido a alagamentos nas linhas férreas. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que os serviços só serão retomados após avaliação das condições de segurança.
Em Cabedelo, Região Metropolitana de João Pessoa, as chuvas registraram volumes expressivos nas últimas 12 horas. O bairro Renascer II acumulou mais de 170 mm, enquanto o Centro do município registrou mais de 160 mm.
Outros municípios da Grande João Pessoa também tiveram áreas bastante atingidas. Em Bayeux, os bairros mais impactados foram São Bento, com 96 mm, Jardim Planalto, com 85 mm, e Alto da Boa Vista, com 81 mm.
Esses volumes elevados provocaram alagamentos em ruas, afetaram o trânsito e impactaram o transporte público, exigindo monitoramento constante da Defesa Civil e dos órgãos de mobilidade urbana.
Um ônibus da Prefeitura de Itapororoca, que levava estudantes, ficou preso em alagamento no bairro Varadouro, em João Pessoa. Cerca de 20 pessoas precisaram ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros em um bote salva-vidas.
“A gente ficou sem poder sair do ônibus por mais de duas horas. Graças a Deus os bombeiros nos resgataram”, contou a estudante Anna Esther.
Segundo o motorista do ônibus, o problema pode ter sido um sensor ou falha no motor do veículo.
Um trecho da Avenida Cabo Branco precisou ser totalmente interditado devido ao deslizamento de uma barreira provocado pelas chuvas. A aspirante Valesca, do Corpo de Bombeiros, explicou que não houve feridos e que a ação visa garantir a segurança da população e dos materiais próximos ao local.
“Não houve nenhum ferido. Houve um deslizamento por decorrência das chuvas. O Corpo de Bombeiros está atuando junto com a Defesa Civil e a Semob para fazer a interdição do local e também evitar possíveis riscos futuros com relação às pessoas e aos materiais”, disse.
Ela acrescentou que a retirada da barreira ainda depende das condições climáticas. Segundo a aspirante, se a guarnição tentar atuar agora, com as fortes chuvas ainda acontecendo, poderia haver risco para a equipe.
Por isso, a prioridade no momento é a segurança e a interdição do local até que seja possível realizar os trabalhos com segurança.
O aeroporto Presidente Castro Pinto, em João Pessoa, segue aberto para pousos e decolagens, mas algumas rotas foram afetadas pelas chuvas intensas.
Um voo da Gol, com origem em Brasília, precisou ser desviado para Natal devido às condições meteorológicas adversas, enquanto outro voo da mesma companhia, vindo de Salvador, conseguiu pousar normalmente na capital.
A Gol informou, em nota, que todas as ações relacionadas ao orimeiro voo foram tomadas com foco na segurança, considerada prioridade número 1, e que a aeronave foi reabastecida em Natal antes de seguir para João Pessoa sem intercorrências.
Um voo da Latam Airlines vindo de São Paulo arremeteu na primeira tentativa e conseguiu pousar na segunda. A companhia afirmou que está apurando o ocorrido.
Além disso, um voo da Azul, vindo de Recife, precisou realizar várias tentativas antes de conseguir aterrissar em João Pessoa. O g1 tentou contato com a empresa, mas até o momento não houve resposta.
A Aena, administradora do aeroporto, reforçou que as operações seguem abertas para pousos e decolagens.
Fonte: g1 PB
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