Na residência simples na Rua Gilberto Taylor, Bairro das Placas, em Patos, moram as irmãs Luana da Silva e Maria Eduarda com os primos João Batista e Lucas, além da mãe-avó Maria da Guia, de 80 anos, que é deficiente física. Toda a família complementa a renda através da coleta de material reciclado que é encontrado no lixo das ruas do município.
Luana e Maria Eduarda trabalham de domingo a domingo. As garotas têm 23 e 20 anos, respectivamente. A jornada de coleta de material reciclado no lixo é realizada nos Bairros São Sebastião, Vitória, Dona Milindra, Centro, Brasília e adjacências. Seja com sacos nas costas ou com auxílio da carroça de tração animal, a rotina é constante e exige força de vontade e disciplina.
As irmãs fazem a coleta de material reciclado nas sacolas de lixo que são colocadas nas proximidades das residências. A tarefa começa cedo e é rápida para aproveitar o que ainda pode ser aproveitado e antes da passagem do caminhão da empresa de coleta de lixo. As garotas separam garrafas PET, metais, sandálias e demais reciclados, mas também objetos que podem ser usados no dia a dia e até comida.
O primo João Batista também coleta material nas ruas e Lucas vai ao lixão para coleta de material reciclado. Maria Eduarda e Luana relatam que preferem ir às ruas da cidade. Na manhã desta quinta-feira, dia 08, João Batista acompanhou as garotas que foram até a Catedral de Nossa Senhora da Guia para pegar as quentinhas que são distribuídas pelo projeto Catedral Solidária. A mãe-avó já esperava para almoçar, pois essa seria a refeição dos 4, mas as irmãs ainda iam sair para coletar material.
A mãe de Luana e Maria Eduarda faleceu após cair no banheiro. Luana relatou que a mãe estava muito aflita em decorrência da morte do pai dela, que era um dos suportes da casa. A senhora Maria da Guia é aposentada, mas o salário quase não dá para as despesas da casa que é alugada. Maria da Guia tem problemas nas pernas desde criança e isso a impossibilita de andar.
Luana relatou que ainda tem um irmão chamado Kleberson que é casado e mora próximo. Ele faz coleta de material reciclado no lixão e sempre está em contato com a família. Luana e Maria Eduarda fazem uma média de R$ 200,00 cada uma com o trabalho de coleta de material reciclado, mas almejam conseguir um emprego formal.
A família das irmãs é mais uma entre as milhões de pessoas que vivem em constante situação de vulnerabilidade social no Brasil. Sujeitas ao assédio, condições insalubres de trabalho, incompreendidas e até xingadas ao realizar o trabalho, Luana e Maria Eduarda receberam a reportagem que pediu para relatar o dia a dia das corajosas garotas que encontraram no material encontrado no lixo uma forma de sobrevivência digna.
Luana da Silva deixou o telefone de contato para caso exista possibilidade de trabalho formal. (83) 9 9621 8317.
Jozivan Antero - Patosonline.com
OUÇA entrevista com Luana e Maria Eduarda:
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