Em um misto de tristeza e revolta, a família do pequeno Deyvison Kevin Farias Pereira, de apenas 1 ano e 6 meses de idade, que faleceu na manhã deste domingo (21), recebeu a reportagem da TV e Rede Diário do Sertão, na manhã desta terça-feira (23), 48 horas depois da morte da criança, para contar detalhes da via crucis que enfrentaram para que o bebê fosse atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cajazeiras.
Chorando e desesperada a mãe do garotinho, a pescadora Sabrina de Farias, contou detalhes do sofrimento desde o momento em que seu filho passou mal na residência da família no Distrito de Boqueirão de Piranhas, município de Cajazeiras, até chegar à UPA.
”Fui no sábado na UPA. Cheguei lá, a médica pediu pra eu vir embora, passou só dipirona e luftal, ai eu perguntei se era normal meu filho estar daquele jeito porque eu sabia que não era normal. Ele tava sonolento por conta do medicamento, meu filho já estava com 38.2. Meu coração está partido porque pode acontecer com várias crianças. Eu imploro por justiça, pelo amor de Deus”, disse a mãe aos prantos.
A mãe acusa uma médica de plantão de ter sido negligente no tratamento.
”Eu pedi pra ficar na UPA, pedi pelo amor de Deus mas ela não deixou”, disse.
O bebê foi sepultado na tarde do domingo no cemitério Nossa Senhora Aparecida, no Distrito de Boqueirão. Com a morte de Deyvison Kevin Farias Pereira foi o segundo óbito de criança na UPA de Cajazeiras em apenas cinco dias.
O pescador, Francisco Denis Pereira, pai do garotinho também lamentou o tratamento que a família teve por parte da médica plantonista.
”A médica disse que meu filho tinha que receber alta e ele não tinha reação. Chegamos em casa quase de madrugada, quando foi quase duas da manhã o meu menino passou mal novamente. Quando a gente voltou pra UPA, eu disse a ela que meu filho não estava bem. Quando eu sai fora o marido dela ligou pra polícia e chegou a viatura. Ele veio pra cima dizendo que tinha chamado a polícia, eu sai e dei a volta na UPA porque minha mulher estava chorando. O marido dela chamou a polícia pra um pai de família desesperado, sem ele saber de nada que estava acontecendo. Meu coração está partido, era meu filho único, meu bichinho era tão sabidinho, o bichinho de papai”, disse.
Deyvison Kevin era filho único do casal.
A tia do bebê, Aline Ferreira de Oliveira acompanhou a situação de perto e cobra justiça para que a morte da criança não fique na impunidade.
”A família espera justiça. O médico faz juramento de salvar vidas e não de ver uma criança morrendo, se acabando em cima de uma maca e não se levantar, e não colocar as mãos em cima da criança, deixar fazer nada. Ela mandava. Ela não fazia nada. A gente quer justiça”, assegurou a tia.
O QUE DIZ A UPA APÓS O ÓBITO
Em nota, a Unidade de Pronto Atendimento disse que os profissionais de saúde fizeram tudo que estava ao alcance, realizando exames e prescrevendo medicações indicadas com base nos exames laboratoriais, mas o caso se agravou e a criança não resistiu e veio a óbito. A UPA também garantiu que irá apurar todos os relatos dos familiares sobre o atendimento da médica plantonista.
Fonte: Diário do Sertão
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