Ruan Ferreira de Oliveira, mais conhecido como Ruan Macário, foi condenado a 13 anos e quatro meses de prisão por atropelar e matar o motoboy Kelton Marques. A decisão foi tomada em júri popular nesta segunda-feira (18), em João Pessoa. O motoboy foi morto em setembro de 2021.
O julgamento começou pouco antes das 10h e durou quase 12 horas. Ruan Macário foi condenado por homicídio com dolo eventual, que é quando se assume o risco de matar. Ainda foi colocada uma qualificadora, já que o motoboy foi pego de surpresa, sem chance de defesa. O júri acatou na íntegra a tese do Ministério Público A juíza Francilucy Rejane fixou a pena em 16 anos, mas como o acusado é réu primário ela acabou sendo reduzida.
A defesa de Ruan sustentou que o acusado cometeu homicídio culposo, sem intenção de matar. Os advogados vão recorrer da decisão pela condenação.
O interrogatório de Ruan Macário ocorreu por volta das 12h,. O acusado participou do julgamento através de videoconferência, a partir de Catolé do Rocha, após um pedido da defesa, que alegou que se deslocar até a Comarca da Capital e permanecer custodiado em uma unidade prisional poderia colocar em risco a vida do cliente.
Durante o interrogatório, Ruan Macário afirmou que no dia do acidente deixou uma conveniência em direção à BR-230, quando teve a sensação que estava sendo perseguido e resolveu seguir para o retão de Manaíra. O empresário também afirmou que estava se automedicando contra ansiedade.
Em audiência de instrução em novembro de 2022, o acusado confessou que ingeriu bebidas alcoólicas após tomar remédios para ansiedade, o que provocou a direção em alta velocidade. No julgamento desta segunda-feira, ele afirmou que se automedicava.
“Eu não sabia nem onde estava. Eu procurei a BR-230 pra me localizar. Quando eu peguei a BR tive a sensação de estar sendo seguido e tentei me distanciar. Quando peguei a BR achei a entrada do Retão de Manaíra. Não lembro da hora do acidente”, afirmou.
Segundo Ruan Macário, ele não identificou no que havia batido. Ele afirmou que ficou foragido porque estava sofrendo ameaças junto com a família.
Durante o interrogatório, ele pediu desculpas à família de Kelton Marques. “Gostaria de pedir perdão, especialmente para as filhas dele. Eu jamais gostaria de fazer isso”, afirmou.
Ruan Ferreira de Oliveira também esclareceu qual sua profissão durante o julgamento. Até então, ele era tratado como empresário, mas afirmou que era vendedor, representante de uma fábrica de alumínio e de calçados e motorista por aplicativo.
Antes do julgamento a família de Kelton Marques afirmou à TV Cabo Branco que tinha a expectativa de condenação. O Conselho Municipal de Entregadores de João Pessoa também acompanhou o julgamento.
“É uma luta e uma tristeza - maior para família - para os entregadores que éramos amigos dele e que estão na rua. Foi com ele, mas poderia ser com qualquer um de nós”, afirmou o presidente do Conselho dos Entregadores, Leo Martins.
A irmã de Kelton Marques foi uma das primeiras testemunhas e contou sobre a cena que encontrou no local do crime. Segundo Camila Marques, ela chegou às 5h20 e encontrou o irmão morto e recebeu pertences dele, além da câmera do carro de Ruan Macário.
O acusado também recorreu ao Supremo Tribunal Federal para tentar suspender o julgamento. O STF publicou nesta segunda-feira (18) a decisão em que estabelece que o julgamento deveria acontecer em João Pessoa, após solicitação para que o caso fosse julgado em qualquer outra comarca do estado por suposta imparcialidade dos juízes.
A defesa de Ruan Macário também pediu a suspensão do julgamento durante a plenária por ter recurso especial pendente de julgamento, mas o pedido não foi atendido.
O entregador Kelton Marques morreu após ser atingido por um carro em alta velocidade, no Retão de Manaíra. Moradores da região afirmaram que a colisão aconteceu por volta das 4h da manhã. Ruan Macário é acusado de dirigir o veículo envolvido no acidente e fugir do local, sem prestar socorro.
Após 10 meses foragido, Ruan Macário se apresentou à polícia na presença do advogado. O mandado de prisão preventiva que estava em aberto contra ele foi cumprido imediatamente. Ele foi interrogado pelo delegado Miroslav Alencar, mas ficou em silêncio e responderá apenas em juízo. Em seguida, foi encaminhado para o presídio de Catolé do Rocha.
No dia do acidente, a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada, mas quando chegou a vítima já estava sem vida.
Kelton Marques tinha 33 anos, duas filhas e morava em Santa Rita. Ele trabalhava em um restaurante que atendia nas madrugadas, e na hora do acidente já tinha terminado as entregas do dia e voltava para casa.
Com o impacto, a vítima chegou a ser arremessada e a motocicleta teve destruição total. O carro ficou parcialmente destruído.
De acordo com o delegado do caso, Luiz Eduardo, latas de cerveja e substâncias entorpecentes estavam espalhadas pelo carro do motorista.
O acidente aconteceu no sentido que vai para a orla da capital, quando o condutor do carro passava pela Flávio Ribeiro e o motociclista cruzava pela Mirian Barreto. A força do impacto chegou a derrubar o muro de um residencial que fica no local.
Fonte: g1 PB
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