A troca de farpas não é nova. Coreia do Norte e Estados Unidos são, provavelmente, o inimigo mais antigo um do outro. Mas desde que Kim Jong-un chegou ao poder, a situação parece estar piorando.
Em 2022, Pyongyang disparou um número recorde de mísseis balísticos, inclusive intercontinentais, que teriam capacidade de atingir o território americano. Na semana passada, o líder norte-coreano ordenou o aumento da produção de material nuclear destinado a armamento.
E nesta quarta-feira (5), os EUA enviaram bombardeiros com capacidade nuclear para a Península Coreana.
Enquanto a Coreia do Norte se esforça para mostrar seu poderio militar, a fome e a escassez de energia elétrica ainda são questões a se resolver internamente. Afinal, como é o cotidiano em um dos países mais fechados do mundo e um dos últimos redutos do comunismo no planeta?
O repórter Will Ripley, correspondente internacional da CNN, teve acesso a áreas extremamente restritas em um dos países mais fechados do mundo, para tentar desvendar o cotidiano dos norte-coreanos na capital Pyongyang e em áreas tão remotas que nunca haviam sido mostradas antes.
O resultado está no documentário especial “Secret State: Por Dentro da Coreia do Norte”, que a CNN exibe neste sábado (8), às 22h45. Parada militar na Coreia do Norte / CNN
Se o país já era isolado, a pandemia de Covid-19 só piorou o cenário. E trouxe de volta a sombra da grande fome de volta – entre 1994 e 1998 centenas de milhares de norte-coreanos morreram de fome devido a uma escassez de alimentos sem precedentes.
“Comíamos casca de árvore depois de subir a montanha e nos perguntávamos por quanto tempo teríamos que fazer aquilo”, diz o agricultor Kim Geol Son sobre aquela época. O que ele não pode dizer é que a insegurança alimentar nunca deixou o país.
Ainda hoje, segundo o Programa Mundial de Alimentos da ONU, 10,7 milhões de pessoas sofrem de desnutrição e uma em cada cinco crianças tem atrasos de desenvolvimento por causa da desnutrição crônica. Militares da Coreia do Norte / CNN
A culpa é dos EUA na visão dos norte-americanos – ao menos daqueles ouvidos por Ripley, que compara a idolatria à Família Kim com uma religião. Ao acompanhar as atividades em um acampamento infantil na Coreia do Norte, o repórter procura saber por que Kim Jong-un é considerado um pai para esses jovens.
“Ele é carinhoso e mais atencioso do que meus próprios pais. Ele nos ama mais do que nossos pais são capazes de amar”, diz o Chae Jin-song, que estava comemorando seus 14 anos no local, ao som de músicas que exaltavam o “grande líder”.
Ele alega que seus próprios pais não conseguem lhe proporcionar uma refeição como a do acampamento. Propaganda norte-coreana contra os Estados Unidos / CNN
E a fome não é o único problema estrutural. Estradas esburacadas fazem com que m trajeto de apenas 200 quilômetros leve até cinco horas. Fornecimento de eletricidade e água limpa também são problemáticos.
Mas eles têm arranha-céus, videogames, DVDs, suas versões de redes sociais e celulares com acesso a uma intranet controlada pelo governo. A maior parte desses itens, porém, se restringe à capital Pyongyang, onde apenas algumas pessoas são autorizadas a morar. E um celular da marca mais desejada pode custar mais do que 300 dólares.
“Nunca obtemos uma resposta clara sobre como as pessoas conseguem pagar por tudo isso. Durante todas as minhas viagens, nunca ouvi ninguém criticar a autoridade do governo. A Coreia do Norte tem tolerância zero para qualquer tipo de discordância. A ONU diz que, nas montanhas, há uma rede oculta de campos de prisioneiros, onde tortura e execuções são comuns”, diz Will Ripley, que já esteve dezenas de vezes no país asiático. Propaganda na Coreia do Norte / CNN.
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