A alta da paraibana Chayane Alves do Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, pouco mais de seis meses depois de um acidente doméstico que deixou 75% de seu corpo queimado, é acompanhada de uma história de solidariedade que chama a atenção de quem acompanha o caso. Natural de Patos, no Sertão da Paraíba, mas tendo que permanecer na capital paraibana por mais algum tempo por causa de trocas periódicas de curativos, ela acabou sendo acolhida por Ana Carolina dos Santos, uma mulher que ela conheceu na própria unidade hospitalar.
Tal como Chayane, Ana Carolina é uma mulher pobre. Mãe de três filhos, grávida, morando sozinha e vivendo com o auxílio do Programa Bolsa Família, ela acompanhava um filho internado na mesma ala de queimados em que estava Chayane. Com o passar do tempo, laços foram sendo criados.
Ana Carolina relembra como foi o convite, quando Chayane ainda estava internada:
"Eu sei que você não me conhece, mas eu não sou gente ruim. Moro sozinha, tenho três filhas, estou gestante. Mas na hora e no momento, aonde eu estiver e você receber alta, você pode contar comigo, você pode ir para a minha casa. O que eu puder fazer, a gente faz juntas", resgata.
Depois, ao ser questionada sobre o motivo de ter tomado aquela decisão, de ter acolhido uma pessoa que conhecera há pouco, ela foi enfática: "Eu vejo que, a gente quando tem um coração, está neste mundão dependendo dos outros. Então assim, eu não tenho muitas condições. Mas eu disse a ela... se eu tiver uma fuba para comer, a gente vai comer uma fuba juntas".
O convite de Ana Carolina a Chayane acontece porque Patos, cidade natal da mulher que sofreu o acidente doméstico, fica a 306km de João Pessoa. E a vítima das queimaduras não têm parentes na cidade.
A casa de Ana Carolina fica em Cabedelo, município da Grande João Pessoa, e a expectativa é que Chayane permaneça no local até se recuperar mais.
O acidente de Chayane aconteceu em 29 de agosto do ano passado. Sem gás de cozinha em casa, ela resolveu cozinhar com álcool. Colocou um pouco do líquido numa lata e cozinhou arroz e feijão. Ainda faltava assar a carne e ela resolveu colocar um pouco mais de álcool na lata. Não viu que ainda tinha fogo no local, e a garrafa acabou explodindo nela. À época grávida, ela perdeu o bebê no acidente.
"Peço que ninguém passe pelo que eu passei. Só de eu estar aqui viva, eu já agradeço a Deus. Eu sinto muita dor, gente. Quem puder, não mexa com álcool", adverte Chayane.
Tayane Alves, filha de Chayane, também fala sobre o caso. "Minha mãe é uma guerreira. Ela já passou por tanta coisa na vida que eu não desejo para nenhuma mulher. Só o que eu quero ver é um sorriso dela", resumiu.
Fonte: g1 PB
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