Durante a cerimônia de entrega do primeiro trecho do Ramal do Apodi, realizada nesta quarta-feira (28) no município de Cachoeira dos Índios, no Sertão da Paraíba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso que rapidamente repercutiu nas redes sociais. Para ele, a histórica seca no Sertão nordestino teria um propósito divino: “Deus deixou um Sertão sem água porque sabia que eu ia ser presidente da República e ia trazer água pra cá”, declarou.
O evento faz parte da agenda do Caminho das Águas, iniciativa do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) que percorre a trilha da Transposição do Rio São Francisco pelos estados do Nordeste Setentrional. O Ramal do Apodi, com 115,5 km de extensão, ligará as barragens Caiçara (PB) e Angicos (RN), beneficiando aproximadamente 750 mil pessoas em 54 municípios da Paraíba e do Rio Grande do Norte. A obra, que está 74,83% concluída, deve ser finalizada até outubro de 2026, com investimento de R$ 1,45 bilhão.
Durante seu discurso, Lula lembrou das dificuldades enfrentadas na infância no Nordeste e como isso moldou sua trajetória. “Saí de Pernambuco com sete anos de idade, em 1952, por causa da seca. Minha mãe teve que ir pra São Paulo. Eu sempre me perguntava o que o Nordeste tinha feito pra sofrer tanto”, disse o presidente, visivelmente emocionado.
Ele também recordou os obstáculos enfrentados para iniciar as obras da Transposição do São Francisco, muitas vezes alvo de disputas políticas e críticas. “Quando pensamos em trazer as águas do São Francisco, muitos eram contra. A Bahia, Alagoas e Sergipe diziam: ‘o rio é meu’. E eu dizia: não é de vocês, é de Deus. Eu só quero pegar um pouquinho d’água”, afirmou, reforçando que o projeto era prometido há 179 anos, sem jamais ser realizado até seu governo.
Lula destacou ainda a importância das parcerias institucionais, agradecendo o governador João Azevêdo, além de ministros e equipes técnicas. “Quero agradecer aos meus ministros, que se matam de trabalhar e nem sabem direito o que eles fazem”, brincou.
Ao final da fala, o presidente reafirmou seu compromisso com a erradicação da fome, dizendo que essa é sua missão mais importante. “Se eu terminar meu mandato e cada homem e cada mulher estiver comendo três refeições por dia, eu já terei realizado a obra da minha vida. Porque eu sei o que é fome”, concluiu.
Por Patos Online
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