
Nesta sexta-feira, 1º de agosto, a Rádio Espinharas de Patos celebra 75 anos de uma trajetória marcada pela comunicação comprometida, formação cidadã e presença viva no cotidiano do povo sertanejo. Reconhecida como uma das emissoras mais tradicionais do estado, a Espinharas é mais que uma rádio: é um patrimônio afetivo, cultural e religioso do Sertão da Paraíba.
Fundada em 1950 pelo então político Pereira Lira, a emissora nasceu com um propósito estratégico: impulsionar sua candidatura ao Senado. Equipamentos de última geração foram trazidos pela empresa americana Bygton, a mesma que viabilizou outras duas rádios: a Arapuan, em João Pessoa, e a Caturité, em Campina Grande. Em Patos, a chegada da emissora representou um marco: substituiu os antigos alto-falantes de Manoel Lino e ampliou o alcance da voz do sertanejo.
Apesar de não alcançar sucesso eleitoral, Pereira Lira deixou um legado: a semente da radiodifusão no interior paraibano. A Espinharas foi fechada em 1954 por dificuldades financeiras, mas a paixão popular pela emissora permaneceu intacta. Em 1958, o médico e empresário patoense Drault Ernany reabriu a rádio com o apoio de Assis Chateaubriand, dando novo fôlego à comunicação regional. No entanto, mais uma vez, a política não sorriu ao projeto — e o desafio de manter a emissora permaneceu.
Foi apenas em 1962 que a Rádio Espinharas encontrou sua verdadeira vocação: educar, informar e evangelizar. A emissora passou a ser administrada pela Diocese de Patos, após ser adquirida pelo Movimento de Educação de Base (MEB), ligado à CNBB. Com uma linha editorial pautada pela cidadania, fé e compromisso social, a rádio se firmou como voz ativa da região.
Apesar das dificuldades, a Espinharas resistiu. Nos anos 1980, sob a liderança de Dom Expedito Eduardo, a emissora passou por desafios financeiros que quase a levaram ao fechamento. A proposta de venda chegou a ser considerada, mas foi evitada graças ao empenho do Padre Valdomiro Batista, que assumiu a direção e reorganizou a gestão.
Dom Gerardo Andrade Ponte, que assumiu a Diocese em 1983, foi outro grande entusiasta da comunicação. Durante seu bispado, a emissora passou por uma modernização histórica, sendo pioneira na informatização dos estúdios no interior da Paraíba. Em 2001, Dom Manoel dos Reis de Farias assumiu o comando e manteve a emissora em expansão. Já em 2013, Dom Eraldo Bispo da Silva passou a presidir a Fundação Cultural Nossa Senhora da Guia, que administra a rádio até hoje.
Em 17 de fevereiro de 2019, a Rádio Espinharas passou a operar em frequência modulada (FM), na 97.9, ampliando sua qualidade de som e presença nas novas tecnologias. A mudança marcou um novo capítulo para a emissora, sem abandonar suas raízes nem seus pilares editoriais: moral, fé e cultura.
A história da Espinharas é feita por muitas mãos. O jornalista e comunicador Luiz Gonzaga Lima de Morais, por exemplo, completou 60 anos de rádio em 2024. Começou em 1964 e apresentou de tudo um pouco, inclusive um programa infantil com o pseudônimo “Vovô Zuzu”. Até hoje, apresenta o programa “Revista da Semana”.
Famílias tradicionais também deixaram suas marcas na emissora, como os Gouveia, Lima e Sousa, com gerações de comunicadores e colaboradores que ajudaram a escrever a história da rádio.
Hoje, a Rádio Espinharas conta com uma equipe formada sob a direção de Dom Eraldo Bispo da Silva. Padre Luiz Gonzaga atua como diretor geral, padre Jair Tomasella como diretor comercial, padre Maurício Alves como diretor administrativo, e Alaís Cavalcante como gerente administrativa.
Ao longo de sua história, a Espinharas foi muito mais do que uma emissora. Nos tempos em que os Correios não alcançavam comunidades rurais e distritos, a rádio funcionava como um verdadeiro "correio do Sertão". Correspondências e mensagens eram lidas ao vivo e retiradas pelos destinatários nas segundas-feiras, dia de feira na cidade.
Outras curiosidades também fazem parte da rica trajetória da rádio. A emissora já teve uma mulher como operadora de transmissor — dona Maria Sales, responsável por ligar e desligar os equipamentos diariamente. E também contou com a superação inspiradora de Edileuson Franco, um locutor gago que se transformava ao assumir o microfone, tornando-se um dos mais completos comunicadores do rádio paraibano.
E para retratar todas essas curiosidades e memórias afetivas, a direção da emissora lançou nesta sexta-feira, dia 1º, o documentário "Sintonizando o Sertão - A História da Rádio Espinharas".
Com uma produção de Alaís Cavalcante e Deleon Souto, por meio da Lei Paulo Gustavo, de incentivo à cultura, o documentário traz depoimentos de funcionários e ouvintes, bem como trechos de programas antigos que estiveram no ar ao longo da história.
Assista na íntegra abaixo:
Com 75 anos de história e 71 de atividades contínuas (entre 1954 e 1958 a rádio esteve fora do ar), a Rádio Espinharas segue sendo um elo entre gerações. Uma emissora que não apenas transmite informações, mas conecta pessoas, forma consciências e preserva a identidade sertaneja.
Longa vida à Espinharas — a rádio que é voz, memória e alma do Sertão!
Por Felipe Vilar - Patos Online
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