O presidente da Organização Mundial de Saúde foi questionado, ontem, sobre como fica a situação da população pobre em países, como a Índia, que adotam a quarentena para conter o avanço do novo coronavírus.
Tedros Ghebreyesus respondeu que não só a Índia, como todos os países, devem levar em conta essa situação no momento de decidir pelo lockdown.
Veja o que disse:
“E então, na questão do lockdown, no chamado lockdown. Talvez, vocês sabem, alguns países já tenham tomado medidas para o distanciamento físico, fechando escolas, impedindo aglomerações, e assim por diante. Isso pode ganhar tempo. Mas ao mesmo tempo, todo e cada país tem diferenças. Alguns países têm um forte sistema de bem-estar social e alguns países não. E sou da África, como vocês sabem. E eu sei que muitas pessoas realmente têm que trabalhar todo dia para ganharem seu pão de cada dia. E governos têm que levar essa população em conta, ok? Se nós fecharmos ou limitarmos movimentos, o que vai acontecer com aquelas pessoas que têm que trabalhar diariamente e têm que ganhar seu pão numa base diária?”
“Então cada país, baseado em sua situação, deve responder a essa questão. Não estamos vendo isso como uma questão de impacto econômico num país, numa média de perda do PIB, ou como repercussões econômicas… Nós também temos que ver o que isso significa para o indivíduo na rua. E talvez eu tenha dito muitas vezes, eu venho de uma família pobre. E eu sei o que significa você sempre preocupar-se com seu pão de cada dia. E isso tem que ser levado em conta”, continuou.
“Porque cada indivíduo importa e tem que ser considerado como cada indivíduo é afetado por nossas ações. E é isso que nós estamos dizendo. É sobre qualquer país, não é sobre a Índia, é sobre qualquer país na Terra. Mesmo o país mais rico na Terra pode ter pessoas que precisam trabalhar para seu pão de cada dia. Nenhum país está imune. Cada país tem que realmente assegurar-se que isso está sendo levado em conta.”
Antes, Michael Ryan, diretor-executivo da OMS, admitiu que medidas do tipo são muito difíceis, mas que os governos devem comunicar as razões para elas de forma aberta e transparente.
“Elas de fato colidem com a liberdade de circulação das pessoas […] Essas medidas são difíceis e elas prejudicam as pessoas, mas a alternativa é pior.”
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