“A falta de água é um problema que nos une. Hoje é sábado e estamos aqui para ouvir vocês e tentar traçar soluções e diminuir a perda da qualidade de vida que nos atinge com a seca”. Assim, o deputado Jeová Campos, presidente da Frente Parlamentar da Água, abriu a Audiência Pública neste sábado (28) promovida pela Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) na cidade de Pombal.
O evento contou com a presença dos deputados Janduhy Carneiro, Galego Souza, Renato Gadelha, Gervásio Maia e Nabor Wanderley. A audiência também contou com a presença de Amaro Neto, representando o presidente da ALPB Adriano Galdino, diversos vereadores de Pombal e cidades circunvizinhas, assim como representantes da Cagepa, Aesa e do Exército Brasileiro.
Jeová Campos afirmou que a Frente está se mobilizando junto ao Ministério da Integração Nacional para assistir aos municípios no que diz respeito a abastecimento de água. “Estivemos em Monteiro e em Cajazeiras e verificamos como andam as obras de transposição do São Francisco. Essa obra é uma necessidade urgente e vai amenizar a seca que muito nos atinge, mas não podemos de deixar buscar soluções para a convivência com a seca. Esta Frente pretende sair do campo da inércia”, disse o parlamentar.
O deputado Janduhy Carneiro registrou na tribuna a iniciativa da Frente Parlamentar da Água, que saiu do papel e percorre o Estado ouvindo demandas, planejando e buscando soluções. “Visitamos já algumas cidades e o que vimos é preocupante. Temos que lutar para que as verbas cheguem e para que seja finalizada a transposição. A região de Cajazeiras passa por um colapso nos açudes e demais regiões estão próximos. Providências urgentes devem ser tomadas, pois a falta de água reflete diretamente na qualidade de vida das pessoas”, sentenciou.
Para o deputado Galego Souza, a Frente Parlamentar tem feito um trabalho importante de ouvir a população, técnicos da área e os vereadores que presenciam as audiências. O parlamentar também falou com a falta de água para consumo humano, enquanto existem localidades em que há desperdício de água por maquinário ineficiente. “Acredito que o resultado dessa frente virá. O esforço vai resultar em grandes conquistas no final desse trabalho”, afirmou.
O deputado Renato Gadelha ressalta que um dos pleitos da Frente é lutar para que a gestão do açude Coremas passe a ser da Aesa, já que atualmente quem gerencia o local é a Agência Nacional das Águas (ANA). “Temos buscado soluções emergenciais e a longo prazo. A Paraíba necessita de 10 metros cúbicos por segundo para atender a população do Estado e com os mananciais com baixo volume, o problema de falta de água pode ficar ainda pior” alertou o deputado.
Gervásio Maia falou da importância das audiências itinerantes para dar voz a representantes de diversas cidades para relatarem seus problemas quanto ao abastecimento de água. “Precisamos ainda pautar a bancada paraibana no Congresso Nacional para que leve as reivindicações e traga investimentos para nosso Estado. O primeiro passo foi dado, agora temos que avançar junto ao Governo Federal”, disse.
O presidente da Câmara Municipal de Pombal, Josivaldo Feitosa, agradeceu a ALPB por levar um assunto tão sério para ser discutido na cidade. “Nossos açudes estão secando. O açude de Coremas está com menos de 17% de capacidade. Ainda por cima, a água do açude ainda está sendo destinada para abastecer cidades do Rio Grande do Norte e lá tem manancial para não depender de açude paraibano”, lamentou.
O gerente regional da Cagepa, Dedé Veras, foi enfático na sua fala. “Se a gente não tiver cuidado com a água, ela vai acabar e podemos ter uma guerra em função desse líquido. Água vai valer mais que petróleo do jeito que o mundo anda”, alertou. Dedé ainda respondeu a várias demandas de vereadores e a população em geral sobre problemas no abastecimento.
César Nóbrega, do Comitê de Convivência com a Seca, alertou para uma série de problemas que ocorrem e a solução seria um modelo produtivo econômico, além de avanços na gestão da água e reeducação no uso da água.
Açude Carneiros em situação critica
Damião de França, técnico da Aesa da regional de Sousa, relatou dados sobre o açude de Coremas, que tem aumentado aos poucos o nível, assim como o açude Carneiros recuperou de 1,7% para 2,5% na sua capacidade. Ressaltou ainda que há captação de água com motores potentes para irrigação de pastos e isso tem dificultado a recuperação do volume dos açudes.
Mais visitas
Após a Audiência Pública, os deputados visitarão o açude Carneiros, na cidade de Jericó, e, em seguida, a visita ocorre no açude Coremas.
Frente Parlamentar da Água identifica necessidade de outras intervenções nas obras da transposição além das que já estão sendo realizadas
Durante a visita ao canteiro de obras da transposição do Rio São Francisco no eixo leste, na divisa dos estados da Paraíba e Pernambuco, próximo ao município de Monteiro, realizada na manhã desta sexta-feira (27), os deputados que integram a Frente Parlamentar da Água puderam constatar que algumas questões específicas e fundamentais para a disponibilidade de água ainda não estão contempladas no projeto principal da obra. Essa mesma constatação foi feita durante a visita ao canteiro de obras do Lote 6, próximo a Cajazeiras e também durante a visita ao canal Acauã-Araçagi.
Segundo o deputado Jeová Campos, presidente da Frente, em Monteiro foi identificado que a obra que está sendo realizada, que já está com 71% de sua totalidade concluída e deve ficar pronta em setembro de 2016, não contempla a construção de um canal de integração que liga os 3 km que separam a passagem principal da água da transposição ao açude de Pocinhos que abastece Monteiro. “Sem esse canal as águas da transposição simplesmente não chegarão ao açude e, consequentemente, à cidade”, esclarece Jeová, lembrando que Pocinhos está seco e Monteiro está sendo abastecida por Poções que já está em situação crítica.
E essa questão foi colocada em discussão numa reunião dos deputados com a prefeita de Monteiro, Edna Henrique, antes da visita ao canteiro de obras. O deputado Jeová esclarece que essas e outras ações que não estão contempladas nas obras centrais da transposição, a exemplo do canal de 13 km em Cajazeiras, e falta de licitação do Lote 3 do canal Acauã-Araçagi, vão compor um relatório que será entregue ao representante do Ministério da Integração, no dia 17 de abril. “Já identificamos que ações complementares fundamentais para a chegada da água não estão contempladas nas obras principais da transposição. A impressão é de que se preocuparam com a coluna vertebral, mas se esqueceram das artérias que são justamente os canais que levarão água para as cidades”, afirma Jeová.
Segundo o deputado, o caso de Monteiro é mais fácil de ser resolvido, porque a extensão do canal é de apenas 3 km, diferente do caso de Cajazeiras, cuja obra não inclui no projeto principal um canal com extensão de 13 km. Ainda de acordo com o deputado, nos dois casos, a sugestão da Frente é estudar a viabilidade jurídica de realização de um aditivo ao contrato das construtoras que já estão executando a obra principal para que elas também construam esses canais complementares. No caso de Cajazeiras a construtora é a Queiroz Galvão e, em Monteiro, a S.A. Paulista. “Essas empresas já estão com maquinário e pessoal no local. Se formos esperar por uma nova licitação, a solução virá com um atraso de pelo menos uns dois anos”, estima Jeová que considera muito positiva as ações da Frente até agora. “Tudo o que levantamos só foi possível com a visita in loco, com a conversa com a população nas audiências e com os encontros com as lideranças de cada localidade”, destaca ele.
Ações em Pombal
A Frente Parlamentar da Água segue com ações neste sábado (28), em Pombal, onde os deputados começam a agenda de trabalho às 9h, com a realização de uma audiência pública, na Câmara de Vereadores. Depois visitam os açudes dos Carneiros, em Jericó e de Coremas, na cidade do mesmo nome.
Fontes/Maispb e News Comunicação
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