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13 de Dezembro: 20 anos sem o radialista Edileuson Franco

13/12/2019 às 11h57
Por: PATOS ONLINE Fonte: Fonte -Antônio Silva - Rádioespinharas.com.br
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Há exatos 20 anos atrás a radiofonia de Patos e da Paraíba ficou órfão. Um dos maiores profissionais do Radio Paraibano falecia e afirmo com toda a certeza, deixando uma lacuna até hoje não preenchida em no nosso meio.

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Para homenagear esse que tanto fez pela nossa querida Radio Espinharas, peço licença ao Jornalista Luiz Gonzaga Lima de Morais, para reproduzir um artigo por ele produzido e que relata um pouco da história do nosso querido Gago, até a sua despedida*.

Naquela manhã de 13 de dezembro de 1999, uma segunda-feira, teríamos uma conversa pessoal com Edileuson Franco. Qualquer coisa acerca de meu trabalho no Ministério. No dia anterior, depois da REVISTA DA SEMANA, fora visitá-lo em casa. Disse-nos que estava bem, depois do susto por que passara e que o levara a se medicar no Hospital Regional. Demonstrara sua preocupação com a situação do Hospital onde faltavam os mais comuns medicamentos de urgência. Tivera que mandar comprar fora a medicação de que precisara na véspera.

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        Edleuson ligaria para mim, assim que chegasse à Rádio. Cerca de 9 horas estranhei que ele não tivesse ligado. Da agência do Ministério, na Sólon de Lucena, liguei para a emissora perguntando se ele não chegara. Jaciara foi quem me atendeu e me deu a infausta notícia. Edileuson tinha passado mal de madrugada e fora para o Hospital onde viera a falecer. Para mim foi um choque enorme, depois de uma convivência de mais de trinta anos. Mais jovem do que eu nunca pensei que “fosse” antes de mim.

        A morte de Edleuson marcou o fim de uma era na Rádio Espinharas de Patos. Embora ninguém seja insubstituível, ele deixou uma lacuna de que até hoje a emissora se ressente.

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        O “Gago”, como quase todos o chamávamos, era a alma da emissora, com todo respeito que temos aos demais companheiros. Considerado até chato, às vezes, por se meter em tudo, a sua preocupação única era a emissora: a qualidade do som, a audiência obtida pelos programas, a credibilidade dos noticiosos. Embora tivesse outra atividade, como veterinário do Estado, vivia basicamente para a emissora. Responsável pelos departamentos de Jornalismo e de Esportes, dedicava as vinte e quatro horas do dia às atividades jornalísticas. Ouvia Rádio e Televisão durante todo o tempo disponível. Cultivava fontes políticas, religiosas e policiais. Muitas vezes, passando por sua casa nos finais de tardes de domingos, surpreendemos o Gago com duas televisões ligadas, enquanto sintonizava duas ou três emissoras de rádio. Acompanhava o noticiário esportivo e o noticiário geral. Era altamente bem informado tanto dos fatos locais, quanto dos regionais, estaduais e nacionais. Isto garantia para a emissora um noticiário altamente atualizado. E ainda arranjava tempo para ouvir a própria emissora, preocupado com a audiência e a qualidade do som. Arranjava sempre um jeito de dar uma sugestão a um colega ou de cobrar da direção da emissora uma providência que melhorasse a qualidade do som.

        De sua preocupação com a emissora eu fui testemunha durante um episódio de que terminei participando. Ele não se afinava muito bem com o então diretor, Padre Constant. Não concordava com a maneira como a emissora era administrada e manifestava sempre, em particular, a sua preocupação com isso. Mas respeitava a direção e cumpria suas determinações. Certa noite, em 1982, chegou a minha casa, afrontado. Contou-me que, numa reunião do clero, Padre Constant havia entregue a direção da emissora e sugerido ao então bispo, dom Expedito, que, a exemplo do que Dom Zacarias fizera com a Alto Piranhas, a diocese devia vender a Espinharas, pois ela era, economicamente, inviável. Constant causara perplexidade no clero e ninguém topara assumir a direção da emissora. Edleuson me intimou a, juntos, procurarmos convencer o Padre Valdomiro a aceitar a direção da emissora. O Gago temia que se ninguém quisesse assumir o cargo, Dom Expedito fosse convencido a, realmente, vender a emissora. Imediatamente, procuramos Padre Valdomiro, um dos padres mais influentes do clero local, já naquela época. Padre Valdomiro confirmou em linhas gerais as informações que Edileuson recebera sobre a renúncia de Padre Constant e sua proposta de venda da emissora. Padre Valdomiro concordava com a importância que a emissora tinha para a Diocese, mas não sabia o que fazer. Sugerimos que ele assumisse a direção da Rádio. Resistiu, alegando que não entendia do assunto, mas terminou se convencendo quando garantimos que lhe daríamos, o Gago e eu, o suporte e empenho pessoal necessário. Padre Valdomiro assumiu o cargo, onde passou cerca de dois anos. Teve que enfrentar muitas dificuldades, mas a Espinharas sobreviveu. E até hoje continua a serviço da Diocese de Patos, enquanto Cajazeiras se ressente de ter vendido a sua Alto Piranhas. Edileuson era assim. Capaz de tudo pela Espinharas.

        O nosso conhecimento vinha do tempo em que fomos juntos para o seminário de Cajazeiras, no remoto ano de 1955. Ele passou menos de um ano no seminário, eu passei quase seis. Na pequena Patos de então, continuamos a manter contato, eu como seminarista até 1960, ele freqüentando a catedral onde foi coroinha. Adolescente ele passou algum tempo na Espinharas, onde foi contínuo, operador e redator de noticias, entre 1963 e 1964, tendo saído para trabalhar na Viação Ipalma, como cobrador. Ia ganhar mais, mas continuava “namorando” com o rádio. Eu ingressei na emissora em outubro de 1964 e já não o encontrei ali. Em princípios de 1965, como professor do Colégio Estadual, fui fazer uma reciclagem em Campina Grande e, precisando mandar uma encomenda pela Ipalma, topei-me com Edileuson, cobrador da empresa, justo no ônibus em que eu mandaria a encomenda. Conversamos um pouco e ele manifestou o interesse em voltar para a emissora.

        Com bom trânsito com o tesoureiro e gerente, Durval Fernandes, que me levara para a Rádio, disse do interesse de Edileuson em voltar para a emissora o que terminou acontecendo, ainda naquele ano de 1965. Em 1967, deixei a emissora para ir trabalhar no Banco do Brasil, em Piancó, mas continuei colaborando com a Espinharas. Fazia transmissões de eventos, colaborava no departamento Esportivo, participava de coberturas de carnaval e eleições. Com isso foi se sedimentando a minha amizade com Edileuson, que perdurou até a sua morte. Ele sempre foi o ponto de contacto entre mim e a emissora, o que permitiu que a minha colaboração com a Espinharas perdurasse por tantos anos.

        Como todo ser humano, ele tinha defeitos. Mas era uma pessoa profundamente humana. Alimentava uma cerrada rivalidade com as emissoras que foram surgindo em Patos, Panaty (AM e FM) e Itatiunga (AM e FM). Passava a semana toda dizendo indiretas com as equipes esportivas das concorrentes, mas quando o jogo era fora, era comum, jantarmos, todos juntos, após a jornada esportiva: Edileuson, Virgílio, Nestor, Zé Augusto, Chico Fiapp, Juarez, Adalberto, Vavá, os motoristas, Jabiraca, eu, e quem mais estivesse fazendo parte das equipes das três emissoras. A rivalidade era “no ar”. Mas o Gago era capaz de ajudar os companheiros das concorrentes a consertar um defeito ou até de emprestar um equipamento. Embora depois “gozasse” com a cara deles.

        Sempre manteve bom relacionamento com as direções das concorrentes, por quem era consultado e a quem dava dicas e orientações.

        O Gago sabia tudo de rádio. Um dos seus grandes feitos pessoais foi vencer a gagueira. Venceu com treinamento, com esforço, com dedicação e, principalmente, com humildade. Ainda hoje, por onde passo, quando falo na Rádio Espinharas, ele é sempre a grande referência. É respeitado como um dos maiores narradores esportivos do Nordeste. Virgílio Trindade, outro grande amigo meu e dele, e que conviveu com grandes profissionais de rádio, diz que Edileuson foi um dos mais completos profissionais que conheceu.

        Apesar de todo o tempo dedicado à Espinharas, Edileuson ainda arranjou tempo para fazer um curso de veterinária na iniciante faculdade local, de quem era ferrenho defensor, e como veterinário foi admitido pelo Estado, trabalhando até o final, na Secretaria Estadual de Agricultura. Na repartição demorava só o tempo imprescindível e voltava para a emissora. 

        Além do grande amor que tinha pela Rádio Espinharas, Edileuson tinha outro grande amor: a sua família. Apaixonado por Conceição e pelos filhos, Belinha, Pedro e Camila, a família era a sua fonte de preocupação e dedicação. Conceição vive das saudades, Belinha já formada e empregada apóia os demais. Pedro, depois de ligeira passagem pelo rádio, é professor e técnico em informática. Camila se dedica aos estudos. Edileuson, certamente, se orgulha deles.

        Grandes profissionais passaram pela nossa emissora. Entre os que já se foram, alguns marcaram sua passagem por ela e deixaram grande saudade, principalmente Padre Assis, Iracema e Amauri. Outros continuam a dar a sua contribuição ao rádio patoense, como Virgílio, Batista e Zé Augusto, entre outros. Mas ao nosso ver, o símbolo maior da nossa emissora, da sua garra, da sua persistência, do amor pelo que faz é, sem sombra de dúvida, Edileuson Franco. Aqui foi continuo, operador, redator, locutor, narrador, motorista, diretor comercial, jornalista e o que mais fosse necessário. Sempre com todo amor e dedicação. Um exemplo para todos nós.

        Hoje faz doze anos de sua morte. Aqui vai a nossa homenagem. 

Em tempo: Este artigo foi escrito há alguns anos atrás, quando do quinto aniversário do falecimento de Edleuson, daí a menção a Virgílio e Batista como ainda em atividade.

Confira um vídeo do site PatosTV para relembrarmos um pouco do Edileuson Franco.

https://www.youtube.com/watch?v=FNvb7huNpN8

Fonte: Adaptação de artigo de Luiz Gonzaga Lima de Morais no Revista da Semana de 13 de Dezembro de 2009

Video: PatosTV

Fonte -Antônio Silva - Rádioespinharas.com.br

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